Olá pessoal! Depois de algum tempo sem uma postagem eu estou de volta! Hoje eu vou compartilhar com vocês um texto que foi inspirado em um vídeo de Marco Gimenez, do canal no YouTube Núcleo Dharma. No final deste artigo estará o vídeo para o caso de vocês desejarem assistir: ele está em português do Brasil.
Introdução
Marco Gimenez treinou judô e kung fu por anos de sua
vida, chegando à faixa roxa dentro do judô e ao grau de mestre no kung fu. Dentro
do kung fu ele teve experiências desagradáveis e baseado nelas, montou um vídeo
cujo título é “Guia para se tornar um
GRANDE Mestre!” no qual este texto foi inspirado. Abaixo os principais
pontos do vídeo:
Como
Ser Um “Grande Mestre”:
1. Mudar de país.
Os mestres fraudulentos nunca deixam de ter sotaque e o
alfabeto de seu país de origem é diferente do utilizado no país em que ele
está.
Lembram-se do Superman? Em Krypton ele era apenas mais
um. Na Terra as suas origens dão à ele poderes de um deus. O efeito pretendido
é o mesmo para mestres em artes marciais: ser de fora oferece “poderes
especiais”.
Quase sempre os mestres utilizam roupas exóticas que
tenham as suas origens em seu país natal e validam a sua arte marcial com uma
cultura antiga e que mal existem registros dela.
1. Seleciona
pessoas que tenham alguma carência.
Essa carência pode ser de:
·
Instrução (os melhores).
·
Atenção.
·
Status (status rápido).
Os mestres uniformizam esse pequeno grupo com roupas
típicas de sua terra natal. Depois eles distribuem status no grupo: quem faz
parte dele é especial, pois está aprendendo técnicas milenares (mesmo que elas
não sirvam para nada ou nunca sejam postas à prova...).
2. Conta
histórias à respeito da sua arte marcial, mas evita que a mesma seja colocada à
prova.
O mestre nunca permite que a sua arte marcial seja
colocada à prova. Se vai testar alguma técnica, testa a mesma com alunos
devotos: e assim obtém êxito! (contém ironia)
3. O
mestre fraudulento se associa a um grupo de pensamentos parecidos ao dele ou a
uma associação internacional.
Ser associado dá ao mestre maior credibilidade (-“Nós
somos federados!”). Se a associação tiver nome internacional, melhor ainda!
Se não conseguir se associar a uma federação
internacional ou nacional mesmo, o mestre fraudulento cria uma, afinal apenas
alguns pré-requisitos legais devem ser cumpridos e pronto! Importante: ele cria
um logo, de preferência com um animal, mesmo que ele não tenha nada à ver com a
sua cultura ou arte marcial de origem...
4. Tendo
nome e volume, o mestre fraudulento procura autoridades locais.
Ele procura normalmente um vereador ou deputado estadual
que precisa de votos. O interessante é que o mestre fraudulento não precisa nem
ter um número grande de pessoas em sua associação/escola, mas precisa aparentar
ter!
5. Aparece
na mídia.
O mestre fraudulento ao aparecer na mídia, dá um grande
passo para o seu sucesso. Ele não mostra nada muito direto, é exótico perante
às câmeras e apresenta armas também exóticas e complicadas.
Para aparecer na mídia, basta ter bons contatos e na
ausência deles, pagar para que isso aconteça. Não conseguiu aparecer na mídia?
Não conseguiu aparecer em uma revista? O mestre fraudulento cria a sua própria
revista!
6. Traz
amigos de sua terra natal para ministrar cursos.
O mestre fraudulento traz “grandes” nomes de sua terra
natal para ministrar cursos em sua escola (mesmo que ninguém conheça o tal
amigo e nem se tenha registros dele). Ele valida com histórias, técnicas e
termos. Ele cobra caro e recebe uma porcentagem.
Ao fazer esse último ponto, o mestre fraudulento cria uma
comunidade ao redor dele.
7. Cria
uma competição interna.
As competições sempre são entre pessoas que praticam a
mesma coisa (ele nunca deixa que outras artes marciais compitam). O mestre
fraudulento, se possível distribui prêmios do primeiro ao vigésimo lugar, nem
todos podem ganhar: afinal como os alunos dele vão se sentir especiais, isto é,
melhores do que os outros? Ele cobra caro pelas competições, tira muitas fotos
e expõe tudo nas redes sociais.
8. Elege
um aluno como bode expiatório.
Em algum momento, algum aluno mais inteligente que a
média vai perceber que o mestre fraudulento é de fato uma fraude! Então o
mestre (fraudulento) elege esse aluno como bode expiatório: destrói a reputação
do dito aluno, humilha-o perante todos, nega-lhe graduações e depois de um
tempo, expulsa-o de sua escola/franquia. O intento de não expulsar logo o
questionador é simples: mostrar para os outros alunos o que acontece com quem
questiona o mestre.
Quando é questionado ele não responde a pergunta, ele (o
mestre fraudulento) mostra que a pergunta não deve existir.
9. Tem
amizade com mestres de outras artes marciais...
“...mas a nossa arte marcial é a melhor, a mais
tradicional, a mais isso, a mais aquilo...”. O mestre fraudulento sempre se
mantém como uma espécie de ponte entre o conhecimento exótico e a ignorância
dos alunos.
10. O
mestre fraudulento pode vir a montar a sua loja.
Nem todo mestre fraudulento faz isso. Mas alguns montam
uma loja para vender roupas com o logo de sua escola, equipamentos de treino
(de péssima qualidade), armas, produtos que não possuem nenhum teor com a arte
marcial (como baldes e escovas...) e por aí vai. O mestre vende a sua marca,
técnica é detalhe...
11. O
mestre fraudulento cria graduações difíceis de atingir... no início!
Faz os alunos sangrarem (sem aspas mesmo) para atingirem
aquela graduação final (a famosa “faixa preta”). Somente quem se dedica de
corpo, alma e bolso atinge a tal graduação, mas claro: com o passar do tempo os
requisitos mudam e apenas aqueles que se dedicam de bolso conseguem atingir a
dita graduação! Afinal com mais graduados, é possível ampliar a sua base de
instrutores e assim obter vantagens em participações da franquia.
12. Quando
tem dissidentes, o mestre fraudulento os chama de “traidores!”.
O mestre acusa os que saíram de fazer com os alunos
aquilo que ele mesmo faz! Mantém os filiados no cabresto, sempre!
13. O
mestre fraudulento sempre faz seminários.
Sempre são feitas mudanças de técnicas e a inclusão de
outras. E essas técnicas nunca servem para nada, pois assim não podem ser
colocadas à prova. Ele cobra caro pelos seminários e obriga os alunos a
participarem, “-Afinal, você é do grupo ou não?!”. Sem seminários uma franquia
de artes marciais não existe.
14. Quando
um aluno de um mestre fraudulento se dá mal em uma luta...
...ele põe a culpa no aluno afinal: -“O método é
infalível!”. Se o aluno vence, o mérito é do professor, o mestre fraudulento
sempre trabalha com a seguinte fórmula: o sucesso do aluno é dele e o fracasso
é culpa do aluno.
Com o passar do tempo, o mestre fraudulento terá uns seis
“pitbulls” que sabem o que está fazendo e uma imensa massa que não consegue
fazer nada, mas isso não importa: se alguém desafiar a sua escola, o mestre
fraudulento envia o desafiante para o pitbull e nunca para aquele aluno que
está há anos treinando e que não consegue se sair muito bem (por culpa dele
mesmo, claro...).
15. O
mestre fraudulento cria festas temáticas de sua cultura natal.
E essas festas temáticas são normalmente abertas ao
grande público. O evento sempre enaltece
o mestre, como se ele fosse o único representante da cultura de sua terra
natal. Neste evento ele vende espaço para comércio, apresenta amigos dele como
grandes mestres e às vezes enaltece um ou outro aluno, criando uma nova forma
de status entre os seus alunos/discípulos.
Usando essas festas temáticas, o mestre fraudulento
reforça que apenas ele é a única autoridade sobre o assunto: somente ele é autorizado
a falar, ensinar, formar alunos ou seja mais o que for.
16. Se
essa fórmula se desgastar, o mestre fraudulento se reinventa...
Ele (o mestre fraudulento) traz algo mais ancestral, algo
mais raiz, algo mais. Não importa o que. Ele aproveita toda a estrutura já
montada para abrir outro negócio extremamente lucrativo.
17. Se
alguém tenta abalar as estruturas de seu negócio, o mestre fraudulento...
... tenta compra-lo. A maioria está à venda, menos os que
possuem como valores: a moral, a ética, a honra, a decência e a verdade, esses
são caros demais para serem comprados...
Autoria:
Marco Gimenez.
Organizador:
Raphael Galdino da Iniciativa Casa dos Cavaleiros.
Como prometido, o vídeo que inspirou este artigo: