sexta-feira, 24 de abril de 2020

Títulos Nobiliárquicos – Parte 3




Neste artigo, que é o último da nossa série “Títulos Nobiliárquicos” vamos falar sobre as origens dos seguintes títulos: Príncipe, Rei e Imperador.





Príncipe

Este título tem as suas origens no latim “princeps” e era utilizado para designar o “primeiro cidadão de Roma”, o chefe do Senado Romano, que governava como o “primeiro entre os seus iguais”. O termo “princeps” por sua vez deriva de “primus” (“primeiro”). Augusto tido como o primeiro imperador de Roma, nunca governou com esse título, mas sim com o título de “Príncipe do Senado do Povo Romano”. Com a Queda do Império Romano Ocidental (476) os países formados pelos bárbaros passaram a chamar de “Príncipe” o primeiro na linha sucessória ao trono.





Rei

Este título tem origem no latim “Rex” e servia para designar um governante que concentrava os poderes de chefe de governo, chefe militar e legislador. Na antiga República Romana e mesmo durante o “Império”, um político ser chamado de Rei era uma forma jocosa e depreciativa de chama-lo de autoritário. Os romanos durante o Baixo Império, durante os confrontos contra os mais diversos povos bárbaros, passaram a chamar os chefes dos povos germânicos de “Rex” por perceberem que eles concentravam bastante poder (para os padrões romanos) em suas mãos. O título pegou e assim os mais diversos povos bárbaros que retalharam o Império do Ocidente passaram a chamar os seus chefes de “Reis” e os seus sistemas políticos de “Reinos” (derivado do latim “Regnum”).





Imperador

Também derivado do latim, originalmente o termo “Imperator” servia para designar um general vitorioso: as legiões que estavam debaixo do comando do general aclamavam-no Imperador e o Senado ratificava o título, que durava até o fim do Triunfo (desfile militar onde os inimigos vencidos e as suas riquezas eram exibidas em uma procissão sagrada perante o povo romano e os deuses patronos de Roma).

Com Augusto, o título se torna permanente após a vitória deste sobre os cantábrios (26 a.C) e tornou-se um epíteto para ele e os seus sucessores.

Com o tempo o título de Imperador serviu para designar o governante de um território grande e multi-étnico: Dom Pedro de Alcântara Bragança e Bourbon (Dom Pedro I do Brasil) ao separar o Brasil de Portugal (1822), optou por fundar um Império ao invés de um Reino exatamente por essa razão.





Bom é isso!



Eu ofereço abaixo os links das outras duas partes desta série, fiquem com Deus e até a próxima!


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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Desmistificando: Jeito Certo de Segurar uma Espada!




Olá! Neste texto eu pretendo desmistificar a maneira (como comumente vemos nas mídias) de se segurar uma espada.





Jeito Errado

Nas mais diversas mídias, vemos que os heróis, vilões e demais personagens quando vão segurar uma espada, fazem-no da mesma maneira que esses personagens:




Maneiras erradas de se segurar uma espada!





Percebam que as mãos ficam muito juntas: isso é errado! Elas devem ficar espaçadas.





Jeito Certo

O jeito certo de se segurar uma espada é uma das mãos (a não-dominante) segurar o pomo enquanto que a mão dominante segura no cabo, próximo á guarda! Vejam a maneira correta:






 Desenho retirado do Florum Duellatorum (MS Ludwig XV 13).




 Como eu seguro uma espada de duas mãos!




Segurando da maneira correta é possível obter um melhor equilíbrio no uso e balanço da espada, o que faz com que os golpes fiquem mais rápidos e firmes.

Eu fiz um vídeo falando sobre o assunto, caso se interesse assista-o abaixo, ele está com o áudio em português do Brasil:

 
 


Conclusão

Eu espero que este artigo tenha sido esclarecedor!



Fiquem com Deus e até mais!

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sexta-feira, 10 de abril de 2020

Arte Marcial: O Que É?




O termo “Arte Marcial” deriva diretamente do latim, “artis” significando técnica/habilidade e “marcial” sendo algo relativo á Marte, o deus da guerra dos romanos de outrora. Assim sendo, arte marcial significaria algo como “técnica/habilidade de guerrear”, gravem isso!





Arte da Guerra?

Independentemente de qual estilo de luta que você pratica fica aqui a minha pergunta: o que você treina te prepara para a guerra (seja a guerra do passado ou a atual)? A prática de HEMA (Historical European Martial Arts) de maneira geral se encaixa nesse quesito, deixando os seus praticantes preparados para guerrear com armas e táticas que inspiraram a arte de guerrear atuais!

Vale dizer que pegando o conceito acima desenvolvido, podemos dizer que a prática de atirar com armas de fogo é arte marcial sim!





Conclusão

Os conhecimentos de técnicas e táticas aprendidas em HEMA é suficiente para deixar um praticante preparado para a guerra de séculos atrás, porém com alguma adaptação, oportunidade e temperança, poderá ser aplicada na guerra atual, lembrando que em um confronto indireto, armas brancas levam vantagem sobre armas de fogo é só pesquisarem a Regra dos 21 Pés de Tueller para saberem mais sobre isso.



Fiquem com Deus e até a próxima!

Tradição Marcial: Uma Introdução




Olá! Neste artigo eu irei discorrer um pouco sobre a “Tradição Marcial” e como ela se aplica no HEMA (Historical European Martial Arts)!





Terminologia

O termo “Tradição Marcial” tem origem no latim, onde “marcial” deriva de Marte, o deus da guerra dos romanos e “tradição” deriva do termo usado pelos romanos para nomear a transmissão de bens que ocorria de pai para filho.

Assim sendo, podemos dizer sem medo que Tradição Marcial é a capacidade de se transmitir a parte teórica e prática de determinado estilo marcial de professor para aluno, independente do sistema ou nome que a arte marcial tenha!





E A Tradição Marcial no HEMA?

No HEMA, nós temos três meios de tradição (transmissão de conhecimento):



1.   Manuais.

2.   Vídeo-aulas.

3.   Ensino presencial em academias.



Sobre o tópico 3, eu ressalto que nos dias de hoje (10/04/2020) no Brasil é quase impossível de uma pessoa obter conhecimento de HEMA através de ensino presencial em academias, pois são muito poucas as pessoas com condições de passar conhecimento de alguma arte marcial em HEMA: existem algumas poucas exceções que se limitam á alguns pontos específicos de grandes centros urbanos.



Portanto concluímos que a maneira mais comum de alguém obter Tradição Marcial de HEMA no Brasil atual é através da leitura de Manuais e de Vídeos-aulas. É a maneira mais fácil e segura para se obter acesso á vasta Tradição Marcial que os mestres do passado nos legaram!





Bom pessoal, por enquanto é isso! Fiquem com Deus e até a próxima!





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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Títulos Nobiliárquicos – Parte 2




Olá! Neste texto veremos sobre as origens e obrigações carregadas pelos portadores dos títulos de: Conde, Duque e Marquês.





Conde

Este título tem as suas origens no Principado (Império) Romano, mais precisamente no século IV d.C, quando o imperador Constantino I, o Grande, reformou a Legião Romana: foram criadas duas tropas, os Limitanei (que patrulhavam os Limites do Império – daí o nome) e os Comitatensis, que eram comandados por oficiais chamados de “Comites” (“Acompanhantes”). O título de “Conde” tem origem nos Comites, chefes das tropas que acompanhavam o imperador ao campo de batalha e que costumavam aquartelarem-se próximo de onde encontravam-se o Augusto e a sua corte.

A partir do reinado de Valentiniano III (425 á 455), os Condes adquiriram importância ímpar, pois foi neles que a imperatriz-mãe, Gala Placídia, apoiou-se para governar durante a menoridade de Valentiniano III, com destaque para os condes Bonifácio (Conde da África) e Aécio (Conde das Gálias).

Com a Queda do Império Romano Ocidental (476) os reis bárbaros que ocuparam os territórios uma vez pertencentes á Roma, passaram a chamarem os seus homens de maior confiança de “Condes”.

Na hierarquia Nobiliárquica, o Conde está no mesmo nível que o Duque e o Marquês, porém abaixo do Príncipe, do Rei e do Imperador.





Marquês

O termo “Marquês” deriva do dialeto provençal (dialeto falado e escrito do Sul da França – região da Provença) e significa “aquele que cuida da Marca”. Os soberanos da Casa Carolíngia determinaram que os nobres responsáveis por guardar os limites (marcas) do seu Reino se chamariam Marqueses. Os marqueses adquiriram importância ímpar no reinado de Carlos Magno, que foi o ápice do Reino Franco, com destaque para os marqueses da Alemanha e da Espanha.





Duque

Com origens no Império Romano Tardio (a partir de 400) a palavra “Duque” deriva do latim “Dux”, que significa literalmente “aquele que diz (o que deve ser feito)”.

O título era tão importante, que líderes regionais pós-colapso do Império Romano do Ocidente normalmente eram referidos em documentos não como “reis”, mas sim como “duques”. O primeiro documento que menciona o personagem “Artur” se refere á ele como o Duque da Guerra (“Dux Bellorum”) dos bretões e não como um rei.





Fechamento

Bom, eu espero que tenha sido produtivo esse texto! Para encerrar essa série, no próximo episódio eu irei falar sobre o Príncipe, o Rei e o Imperador. Até lá!


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Biografia&Manuais: Andre Liegniczer




Olá! Hoje conheceremos a biografia do mestre da esgrima Andre Liegniczer que apresenta em seus manuais, ensinos simples e diretos de como se deve lutar com a espada, espada e broquel, além de adaga, lança e luta agarrada (grappling).





Um Pouco Sobre Ele

Andre Liegniczer (Andres Lignitzer) foi um mestre de esgrima alemão do final do século XIV ou início do século XV. Seu nome pode significar que ele veio de Legnica, na Polônia. Ele tinha um irmão chamado Jacob Liegniczer, que também era mestre em esgrima, mas não há registro de nenhum tratado de luta que Jacob possa ter sido o autor.




Localização de Legnica na Polônia






O único outro fato que pode ser determinado sobre a vida de Liegniczer é que sua fama como mestre foi suficiente para Paulus Kal incluí-lo, junto com seu irmão, em sua lista de membros da Irmandade de Liechtenauer em 1470. Um Andres Juden (Andres, o judeu) é mencionado como um mestre associado a Liechtenauer no tratado Pol Hausbuch, e o Codex Speyer contém um guia para a conversão entre técnicas de espada longa e Messer escritas por um "Magister Andreas" (“Mestre Andre”). Atualmente, não se sabe se um desses mestres é Liegniczer.





A Obra de Andre Liegniczer

Andre Liegniczer é mais conhecido por seus ensinamentos sobre espada e broquel, e algumas variações deste breve tratado estão incluídas em muitos textos de compilação da Tradição Liechtenauer. Ele também escreveu tratados sobre esgrima com espada curta, adaga e luta agarrada, embora estes apareçam com menos frequência. Os ensinamentos da espada e da lança de Liegniczer às vezes são atribuídos a Sigmund ain Ringeck devido à sua inclusão não atribuída no manual de sigla MS Dresden C.487, mas isso é claramente incorreto.

Enquanto a vida precisa de Liegniczer é incerta, ele parece ter morrido algum tempo antes da criação do Codex Danzig em 1452.


Seja como for, hoje em dia é possível obter os seus ensinamentos facilmente na internet e praticá-los: os seus textos são objetivos e direto ao ponto, sendo facilmente aprendidos e ainda mais facilmente aplicados!


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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Aegis (Égide)


Aegis (Égide).




Aegis ou égide em português tem as suas origens no mito de Perseu e a Medusa: após decepar a Medusa, o herói passou a usar a cabeça da criatura como arma para petrificar os seus inimigos.

Perseu e a cabeça da Medusa.




Após completar a sua missão, Perseu ofertou para Atena a cabeça de Medusa e a deusa passou a valer-se da mesma para a sua defesa.

Égide no peitoral de Atena.


Assim os guerreiros helênicos (gregos) passaram a valerem-se da "aegis" ("égide"): um amuleto em forma da cabeça da Medusa que era colocado na parte superior do torex (peitoral da armadura) e assim supostamente o usuário estaria protegido de seus inimigos. Hoje em dia "estar debaixo da égide de alguém" significa estar debaixo da proteção de alguém.


Representação de Alexandre, o Grande. Assinalado na imagem a égide.