sábado, 30 de maio de 2020

Quão Perto É Tão Perto?




Olá! Neste texto irei publicar em primeira mão uma tradução do famoso artigo do então sargento Dennis Tueller, artigo este publicado em Março de 1983 na SWAT Magazine. Neste artigo (“How Close is Too Close?”) é discutido pela primeira vez qual é a distância mínima de segurança que um policial possui em relação a um possível atacante com armas brancas. O resultado você confere abaixo e que deu origem a famosa Regra dos 21 Pés de Tueller!



Quão Perto É Tão Perto?


por Dennis Tueller


O "mocinho" com a arma contra o "bandido" com a faca (ou facão, machado, taco, ferro de passar, etc.). "Não há como disputar", você diz. "O homem com a arma não pode perder." Ou ele pode? Depende muito da habilidade dele com a arma e da proximidade do oponente.

Se, por exemplo, nosso herói atirar em seu possível atacante a uma distância de 20 metros, ele perde. Não é a luta, você entende, mas provavelmente a liberdade dele, porque ele quase certamente será acusado de assassinato. A única coisa que justifica que você atire em outro ser humano é a necessidade imediata de impedi-lo de tentar matar você (ou outra pessoa), lembra?

Se, por outro lado, nosso herói esperar para disparar até que seu atacante esteja a uma distância óbvia de ataque, ele ainda poderá perder. Seus tiros podem não impedir seu atacante instantaneamente o suficiente para impedi-lo de usar sua faca.

Então, qual é a resposta - quão perto está perto demais?

Considere isto. Quanto tempo leva para você sacar sua arma e colocar dois acertos centrais em um alvo do tamanho de um homem a sete metros? Aqueles de nós que aprenderam e praticaram técnicas adequadas de pistola diriam que um tempo de cerca de um segundo e meio é aceitável para essa prática.

> Com isso em mente, vamos considerar o que pode ser chamado de "Zona de Perigo" se você for confrontado por um adversário armado com uma arma afiada ou sem corte. A que distância esse adversário entra na sua Zona de Perigo e se torna uma ameaça letal para você?

Recentemente, fizemos alguns testes nesse sentido e descobrimos que um homem adulto saudável e médio pode cobrir a distância tradicional de sete jardas em um período de (você adivinhou) cerca de um segundo e meio. Seria seguro dizer que um atacante armado a 6 metros está bem dentro da sua Zona de Perigo.



  











Como a série de fotos ilustra, mesmo que seu desenho e suas fotos sejam perfeitos, você está cortando coisas muito perto (sem trocadilhos). E mesmo que seus tiros tirem o “vento das velas” (da embarcação) dele, seu impulso para a frente pode carregá-lo por cima de você, a menos que, é claro, você consiga sair do caminho dele. E se você for confrontado com mais de um agressor, as coisas realmente ficam complicadas. Então, o que uma pessoa que carrega uma pistola deve fazer?

Após analisar o problema, as seguintes sugestões vêm à mente: Primeiro, desenvolva e mantenha um nível saudável de alerta tático. Se você detectar os sinais de perigo com antecedência, provavelmente poderá evitar o confronto completamente. Uma retirada tática (hesito em usar a palavra "retirada") pode ser sua melhor aposta, a menos que você esteja ansioso para se envolver em um tiroteio e as conseqüentes dificuldades legais que certamente se seguirão.

Em seguida, se o seu "Sistema de Alerta Precoce" lhe disser que um possível confronto letal é iminente, você deve se colocar na melhor posição tática disponível. Você deve se mover tentando se proteger (se houver algum objeto por perto), sacar a sua arma e começar a planejar seu próximo movimento.

Por que usar uma cobertura, você pode se perguntar, se o atacante está usando apenas uma faca? Porque você quer dificultar que ele chegue até você. Qualquer coisa entre você e seu atacante (latas de lixo, veículos, móveis, etc.) que o atrapalha por mais tempo para você tomar as decisões apropriadas e, se necessário, mais tempo para dar seus tiros.

Eu sugiro que você puxe sua arma assim que o perigo existir claramente. Não faz sentido esperar até o último segundo possível para jogar o "Quick-Draw McGraw" se você reconhecer a ameaça logo no início. Além disso, a visão do seu "Equalizador" pode ser suficiente para encerrar a ação naquele momento.

O objetivo da pistola é parar as brigas, e se o faz deixando cair um bandido em suas trilhas ou fazendo com que ele dê meia-volta e corra, seu objetivo é alcançado, não é?

Nesse ponto, pode ser aconselhável emitir um desafio verbal, como "Pare", "Não se mexa" ou "Largue a arma!" Pode funcionar, e mesmo que não funcione, você estará desenvolvendo seu processo legal de autodefesa, mostrando que fez tudo o que pôde para impedir um tiroteio. Se tudo correr conforme o planejado, as chances são de que agora você não terá mais um problema, já que seu atacante lembrou que ele teve um compromisso mais premente em outro lugar.

Mas, como todos sabemos, as coisas raramente vão de acordo com o plano e as circunstâncias ideais descritas anteriormente provavelmente não são a norma. Por exemplo, se esse tonto tenta jogar sua faca (ou outra arma) em você, o que você faz então?

Realisticamente, atirar facas é uma espécie de truque circense que exige facas especialmente equilibradas e uma distância pré-medida do alvo. Basta dizer, no entanto, que se o atacante estiver dentro do alcance efetivo de arremesso, ele quase certamente terá invadido sua Zona de Perigo. Esse negócio de arremessar cria um problema de tempo, pois, se você atirar depois que ele jogou sua arma, poderá ter dificuldade em convencer um júri de que você disparou em legítima defesa, já que tecnicamente você não estava em risco se seu ex-atacante não estava mais na posse de uma arma mortal. Algo a considerar e apenas mais um motivo para usar a cobertura, se disponível e se o tempo permitir.

Em algum momento, é claro, apesar dos seus melhores esforços, você poderá descobrir que de repente, de perto, é vítima pretendida de algum assassino lunático. Se você é especialista em uma das muitas artes marciais, pode optar por fazê-lo corpo a corpo e, se estiver nessa categoria, não precisará de conselhos meus sobre como fazê-lo. Então, voltaremos ao uso da pistola para resolver o problema. O que tudo se resume agora é a sua capacidade de sacar sua pistola de maneira suave e rápida e acertar seu adversário, e fazer tudo reflexivamente. E a única maneira de desenvolver esses reflexos é através da prática consistente e repetitiva, prática, prática.

Pratique para que o movimento certo ocorra automaticamente.

Uma coisa que você deve praticar, com esse tipo de encontro em mente, é a técnica de retrocesso, na qual você dá um longo passo para trás enquanto faz o saque. Isso coloca mais um a três pés entre você e seu atacante, o que pode ser apenas o suficiente para fazer a diferença.

Lembre-se, quanto maior a sua habilidade com a sua arma, menor será sua Zona de Perigo, mas somente se essa habilidade for associada a um bom condicionamento mental, planejamento tático e alerta, porque nenhuma quantidade de habilidade será útil a menos que você saiba que você está com problemas.

Habilidade nos braços e atitude mental adequada. essa é a combinação que fará de você o vencedor de um "Encontro Imediato do Tipo Cortante".



Tradução feita a partir do artigo retirado de: http://www.theppsc.org/Staff_Views/Tueller/How.Close.htm, visitado em 18/05/2020

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Como o Aço Vira Uma Arma




Olá! Hoje nós iremos discorrer sobre como um pedaço de aço vira uma arma (faca, espada, lança...).





Processos

Existem dois processos pelos quais se pode fazer uma arma: por forja ou por desbaste.



·        Forja: processo antigo, a peça é levada ao fogo e com golpes de martelo, o forjador molda a peça com o formato que deseja.

·        Desbaste: processo mais moderno, a peça é desbastada com ferramentas até adquirir o formato que se é exigido.



Independentemente do processo, quando o formato está pronto busca-se então temperar a peça. Fazer a tempera nada mais é do que você aquecer a peça até que a mesma adquira uma coloração próxima da “cor cereja” para logo á seguir, coloca-la em um tonel com óleo, o que a incendeia e causa um choque térmico na peça, endurecendo o aço. Não é aconselhável fazer a tempera com água, pois o aço poderá ficar quebradiço demais.



Após temperar a peça, ela deverá ser revenida. O revenimento nada mais é do que cozinhar em um forno a peça logo após ela ter sido temperada. Este processo serve para tornar o aço menos quebradiço e mais macio. Existe uma temperatura certa para cozinhar a peça (200ºC) e ela deverá ser retirada do forno após obter uma coloração de palha.



Depois do revenimento, a peça deverá descansar em temperatura ambiente e após algumas horas ela estará funcional!





Bom pessoal, eu espero que este artigo tenha sido proveitoso! Fiquem com Deus e até a próxima!

terça-feira, 26 de maio de 2020

Lança: Uma Introdução – Parte 3






Olá! Hoje eu falarei sobre o Pique: a evolução da lança!





Origens&Terminologia

O Pique, nada mais é do que uma lança com mais de 2 metros de comprimento. Uma lança para ser chamada assim, precisa ter entre 1 e 2 metros de comprimento, mais do que isso ele se chama “Pique”!





Utilidade

A partir do século XV d.C, as infantarias começaram a serem reestruturadas e no século seguinte (XVI d.C) elas se tornariam o coração dos exércitos europeus. Essa nova reestruturação teve as suas inspirações nas velhas formações de falanges e de legionários romanos e a principal arma utilizada por essa nova geração de infantaria foi justamente o pique. Sim, a infantaria ainda se valeria de armas como a lança e a espada, porém o pique era a arma mais utilizada, pois além de deter ataques de cavalaria, ainda por cima era boa para se manter outros soldados de infantaria distante por causa do comprimento da arma.
O pique não era uma arma indicada para se usar em cercos ou contra-cercos, apenas em campo aberto devido ao seu tamanho.






Decadência do Pique

O pique começou a deixar de ser utilizado à medida em que mosquetes e alabardas popularizaram-se entre os exércitos europeus. Os séculos XVII e XVIII viram o fim do pique como arma-padrão dos exércitos, sobretudo da infantaria.





Bom, eu espero que essa postagem tenha sido proveitosa para você! Fiquem com Deus e até a próxima!




LEIA TAMBÉM: Lança: Uma Introdução




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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Análise do Livro: Tonfá




Olá! Neste artigo eu irei analisar o livro “Tonfá” de autoria de J.R.R Abrahão e Ricardo Nakayama e junto com as análises dos livros “Filosofia do Combate” e “Defesa com Facas”, finalizar o parecer desses tesouros literários das artes marciais!

Capa do livro "Tonfá".






O Livro

“Tonfá” foi escrito e publicado no início do século XXI, assim como os outros dois livros já citados. Ele está disponível em formato *.pdf e é gratuito.

O livro em si trata das técnicas usando a tonfá, mas não apenas isso: os textos dão subsídios para que agentes da lei saibam como, quando e de que maneira se deve utilizar a ferramenta. A parte tática da arma e também de como se deve abordar um suspeito é levantada no livro!





Tipo de Público

Recomendado para todo aquele que trabalha com segurança, seja privado, patrimonial ou mesmo como policial, mas nada impede que cidadãos comuns o leia e tire proveito do mesmo, afinal como já dito, o livro aborda também táticas muito úteis em diversas situações e cenários!





Conclusão

Recomendo esse livro, assim como os outros dois! Juntos eles formam um tesouro inestimável na formação de um “guerreiro brasileiro do século XXI”!




LEIA TAMBÉM: Análise de Livro: Filosofia do Combate



LEIA TAMBÉM: Análise de Livro: Defesa com Facas

Da Poliorcértica




“Poliorcértica” é uma palavra com origem no grego clássico, significando “cerco de cidades”. O termo ficou famoso na pessoa do rei Demétrio, o Poliocértes (“o que cerca cidades”), que em alguns meses conquistou centenas de cidades durante a Guerra dos Diádocos, sendo parado apenas nas muralhas de Rodes (onde os rodianos mais tarde fundariam o famoso Colosso de Apolo para comemorar a vitória sobre Demétrio)! A poliocértica é a ciência de cercar e contra-cercar uma cidade!

Antes mesmo de o termo ser cunhado pelos gregos antigos (ou helenos) a poliocértica já era praticada pelas mais diversas civilizações da Idade Antiga. Na Bíblia Sagrada vemos bastante cercos, principalmente nos livros chamados “Históricos”, que narra o período dos Juízes e dos Reis.

Na história do Ocidente, tivemos diversos comandantes militares que praticaram a poliocértica, porém os mais famosos são: Caio Júlio César e Sebastien de Vauban. O arquiteto militar à serviço do rei Luís XIV é o menos conhecido dos dois e viveu durante o século XVII e foi o responsável por construir fortes abaluartados à italiana nos limites do então Reino da França, transformando o país em um local impenetrável para invasores da Casa Habsburgo!





Caio Júlio César

O mais conhecido, César ficou famoso como bom em poliocértica por causa do Cerco de Alésia, onde com uns 70 mil homens, enfrentou mais de 300 mil celtas (gauleses) e prevaleceu por causa da ciência da qual discutimos nesse artigo! César ao cercar Alésia (uma cidade no topo de uma rocha íngreme) ordenou que uma muralha fosse construída nos arredores da cidade, para impedir os celtas chefiados pelo lendário Vercingetórix de fugirem!

Ao perceber que estava caíndo em uma armadilha, o chefe dos celtas enviou os seus cavaleiros (antes que a muralha de César fosse concluída) para pedir reforços. Sabendo que os celtas acudiriam a Vercingetórix, o procônsul romano ordenou então que uma segunda muralha fosse construída, mas dessa vez pelo “lado de fora”, criando um gigantesco cinturão defensivo que protegeria os romanos tanto de ataques vindo de Alésia, quanto por ataques oriundos de fora!

No primeiro livro do Comentário das Guerras Gálicas, vemos que para impedir os Helvécios de invadir a Gália (mais precisamente o território dos Héduos e Sequanos) César ordenou que uma muralha fosse construída em uma das margens do Rio Ródano, para controlar e impedir os já citados helvécios de assentarem-se na Gália (e funcionou).





Voltando Para Alésia

O cinturão defensivo construído pelas legiões de César conseguiram concluir todo o circuito (que contava com um fosso e com armadilhas) à tempo dos reforços celtas chegarem. Não falarei sobre os detalhes da Batalha de Alésia para não desfocarmos do tema deste texto, mas por causa do conhecimento em poliocértica e da aplicação do mesmo, os romanos acabaram tendo condições de se equipararem aos celtas e os derrotarem, concluindo a Conquista das Gálias!

Eu recomendo a leitura do livro “Comentários das Guerras das Gálias”, ele é gratuito e pode ser baixado na internet. Lá você saberá maiores detalhes das campanhas e do Cerco à Alésia.

Cerco de Alésia






Ingredientes dos Cercos

Todo cerco ou contra-cerco possui como principal componente (ou ingrediente) as máquinas de cerco e contra-cerco. São muitas máquinas de cerco e contra-cerco, de maneira que citarei apenas três: as torres de assalto, o trebuchet (trabuco) e a catapulta. As máquinas receberão um artigo próprio, aguardem!

Por agora basta sabermos que os maiores inventores de armas de cerco e contra-cerco da Idade Antiga, foram: Hero de Alexandria e Arquimedes de Siracusa.



Conclusão

Bom pessoal, eu espero que esse assunto introdutório tenha aguçado a curiosidade dos senhores! Fiquem com Deus e até a próxima!

sábado, 16 de maio de 2020

Um Bom Local de Treino!





Olá! Este blog visa apresentar assuntos relacionados a HEMA (Historical European Martial Arts) e Cultura Marcial. Hoje, porém eu desejo falar sobre um assunto que é bastante diverso em opinião no meio das artes marciais: qual o local ideal para um bom treino?





A Origem do Termo Academia

O termo “academia” deriva de Acadamo, um jovem ateniense que morreu na flor da idade (jovem). No seu túmulo havia uma árvore, onde aos pés dela o filósofo Platão se reunia com os seus discípulos. O local ficou conhecido como “academia” (“local do Acadamo”). O termo se espalhou para o Ocidente (Europa) e depois para outros locais e civilizações!

Uma representação mosaica da Academia de Platão encontrada em Pompéia.





E Nas Artes Marciais?

O termo academia em artes marciais é comumente referido para um prédio ou sala, onde praticantes de uma determinada modalidade se reúnem com um instrutor/mestre dessa mesma modalidade para efetuarem o aprendizado e prática da mesma. Em resumo é isso.



Mas então quando vamos estudar a fundo a possibilidade de se praticar artes marciais em uma academia, vemos que muitos instrutores/mestres não possuem condições financeiras para pagar o aluguel, além de água, luz e telefone! E como então se dará o ensino-aprendizagem de artes marciais sem uma academia?



A internet, uma facilitadora de respostas nos mostra soluções criativas (ou nem tanto assim como veremos adiante): um instrutor efetua o ensino-aprendizagem de sua arte marcial em parques públicos, um outro ensina nos fundos de sua casa, outro ainda ensina em um quintal...

Mas e aí: será que uma arte marcial deixa de sê-la ou se torna mais marginalizada por não estar em uma academia?





Origens

Cada arte marcial tem a sua origem. O karatê (arte que já pratiquei e que amo) tem as suas origens no arquipélago Ryu Kyu, onde os seus primeiros praticantes o treinavam em locais fechados com medo de represálias dos governantes tirânicos do arquipélago. Alguns estilos de wu-shu (kung fu) tem as suas origens no Templo Shaolin. Outros como o boxe era praticado por aristocratas e pessoas comuns nas civilizações Minóica e Micênica em espaços abertos. Muito da esgrima surgiu em castelos, fortalezas e em locais mais ermos e espalhava-se a prática e ensino pelos mais diversos rincões do mundo. O krav maga surgiu nas ruas e casas da Península Balcânica nos anos 30 e 40. Essas são algumas origens históricas das artes marciais mais comuns e observem que nenhuma delas nasceu em uma academia tal qual a concebemos!



Assim, podemos observar que as artes marciais não nasceram nas academias, mas por razões comerciais, financeiras e sociais, elas foram para lá. Se você é instrutor/mestre de artes marciais e se constrange por não ter uma sala (mesmo que pequena) para ministrar a sua aula, eu sugiro que perca a sua vergonha e faça como os antigos: improvise em qualquer lugar! Claro, o local escolhido por sua pessoa não pode ser insalubre ou perigoso, pode ser como já dito: nos fundos da sua casa, em um quintal (com um solo firme) em um parque...



Bom, isso era tudo o que eu ia dizer neste artigo. Sobre o local para se praticar HEMA, eu falarei em outro artigo, até mais!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Análise do Livro: Defesa com Facas



Olá! Neste texto irei analisar o livro “Defesa com Facas”, escrito por J.R.R Abrahão (que escreveu o livro “Filosofia do Combate”, que eu já analisei aqui), Ricardo Nakayama e Pedro Cavalcanti. Este foi o primeiro material escrito em língua portuguesa no Brasil (publicado entre 2002 e 2003) a falar do tema e é referência no estudo da luta e defesa envolvendo facas: ele é gratuito e pode ser baixado na internet.





O Livro

O material é bem didático com linguagem simples, objetiva e direta, tendo fotos e ilustrações que demonstram as técnicas e complementam o texto, o que facilita e aumenta o aprendizado!

O livro se preocupa em não apenas ensinar técnicas de luta e defesa com facas, mas também fornece subsídios morais e intelectuais para que pessoas comuns e praticantes de artes marciais possam portar facas sem problemas de consciência: a parte legal envolvendo o porte de faca também foi apresentada no livro.





Conclusão

O livro é obrigatório para quem deseja aprender sobre luta e defesa com facas e mesmo os que como eu já são introduzidos na Defesa com Facas, existe muito o que se aproveitar das técnicas e reflexões que o livro oferece: eu levei cerca de quatro anos para aprender a lutar com facas de maneira auto-didata com o auxílio de artigos e vídeos; com o livro Defesa com Facas em apenas três meses de leitura e prática eu aprendi de novo o que eu já sabia e descobri novas coisas com relação a essa prática marcial!

Eu sugiro que baixe, leia e pratique os ensinamentos do livro e ficarás preparado para defenderes a tua vida com facas e de ataques envolvendo facas!



LEIA TAMBÉM: Análise de Livro: Filosofia do Combate


LEIA TAMBÉM: Análise do Livro: Tonfá.


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sábado, 9 de maio de 2020

A Posta Tutta Porta di Ferro




O significado de “Posta Tutta Porta di Ferro” é: Posta=Posição/Guarda; Tutta Porta=Portão Completo/Maciço; Ferro=Ferro. Em uma tradução literal significaria algo como: “Posição/Guarda do Portão de Ferro Completo/Maciço”. Por questão de elegância, vou designar em português essa guarda como: Posição/Guarda do Portão de Ferro Maciço.



Essa guarda serve para defesa e é a primeira das Doze Guardas da Espada Longa que é descrita no tratado Florum Duellatorum. Vejamos o que lá está escrito:



A Primeira [das doze guardas] é o Portão de Ferro Maciço, que permanece em grande resistência. Ela é boa para esperar por todas as armas de mão: as longas, as curtas e se ela tem uma boa espada, não é tão longa. Ela passa como uma capa que vai se fechando. Ela troca as estocadas e coloca as dela. Além disso ela contra-ataca saliente ao chão e a cada golpe que ela faz, sempre vai com uma passada. E quem usa esta grande defesa faz isso sem se cansar.


A Posta Tutta Porta di Ferro com espada longa.




Assim como a Posta di Fenestra (Posição/Guarda da Janela) a Posta Tutta Porta di Ferro (Posição/Guarda do Portão de Ferro Maciço) pode ser utilizada com espada longa, mas também em lutas envolvendo a lança. Vejamos o que está escrito sobre esta guarda com relação á lança:



Eu estou em posição de vencer rapidamente a lança do adversário, ou seja: eu passo com o pé direito saindo do caminho e cruzando a lança, atingindo o lado esquerdo (dele). Se eu o passar e o atingir ao fazer isso, eu machuco o oponente e isso é algo que não é possível falhar.



A Posta Tutta Porta di Ferro usado com lança.





Bom pessoal é isso! Caso tenham interesse, eu já publiquei um artigo sobre a Posta di Fenestra e sobre a Biografia de Fiore dei Liberi (caso desejem saber quem é este espetacular mestre da esgrima e de outras artes marciais!), fiquem com Deus e até mais!



LEIA TAMBÉM: A Posta di Fenestra.



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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Grandes Pestes do Passado!




Olá! Neste artigo iremos falar sobre três grandes pragas do passado. Nestes tempos de coronavírus (Covid-19) é sempre bom relembrar outras pandemias que assolaram a humanidade!



Praga Antonina (165-180)

Esta praga tem uma história interessante: logo após Marco Aurélio e Lúcio Vero subirem ao poder (161) os partos declararam guerra contra Roma. Lúcio Vero á frente de algumas legiões foi para o Oriente e lá, combateu os partos, derrotando-os e saqueando a capital deles, Ctesiphon. Os legionários que retornaram de lá trouxeram consigo esta praga que infectou milhões de pessoas, ceifando a vida de aproximadamente 5 milhões de pessoas! Pelas descrições que autores antigos fizeram da moléstia, a Praga Antonina é a doença que hoje em dia chamamos de varíola. Essa doença foi a responsável por deixar as Legiões Romanas sem oficiais e soldados experientes o que ocasionou o enfraquecimento da Defesa Romana e certamente facilitou aos bárbaros invadirem o Império (o reinado de Marco Aurélio foi uma guerra contínua contra os quados e marcomanos).


Vírus que causa a Varíola.






Praga Justiniana (541-542)

É desconhecida as origens dessa praga. O que se sabe é que ela ocorreu justamente no meio do longo reinado de Justiniano (527-565) e que ceifou entre 30 e 50 milhões de vidas! As mortes no Império Romano (do Oriente) foram tantas que o imperador para continuar financiando as suas campanhas militares, outorgou uma lei em que estabelecia que se um proprietário de terras morresse junto com toda a sua parentela, o vizinho dele deveria pagar impostos em seu lugar! Pelas descrições feitas na época, a tal Praga Justiniana era a famigerada peste bubônica (que é causada pela bactéria Yersinia Pestis).





Peste Negra (1331-1353)

Por muito tempo essa pandemia ficou com as suas origens envolta em mistérios, porém há algumas décadas atrás, pesquisas sérias desvendaram as origens dessa peste: os genoveses tinham um entreposto comercial na região da Criméia. Os mongóis da Horda Dourada (um dos khanatos que sucederam a Gengis Khan) estavam em guerra contra os genoveses pela posse da região e como o cerco ia mal para eles, os mongóis então tiveram uma idéia inovadora para a época: lançaram corpos de soldados mortos por uma estranha praga que assolava as forças mongólicas através das suas armas de cerco por cima das muralhas dos genoveses! Algumas semanas depois, toda a colônia estava infestada pela praga e os genoveses remanescentes, decidiram escapar dali e levaram a praga para a cidade de Gênova. Da cidade italiana, a peste foi se propagando para outros locais e infectou praticamente toda a Europa! Os ratos e as pulgas foram os responsáveis por espalharem a doença que encontrou o seu caminho em meio á uma Europa com hábitos de higiene não adequados. Especula-se que em duas décadas a peste bubônica (Yersinia Pestis) tenha ceifado ao menos 200 milhões de pessoas!


Yersinia Pestis.






Bom pessoal, eu espero que tenham aprendido que esta não é a primeira e nem será a última vez em que pandemias assolam a humanidade! Fiquem com Deus e até a próxima!

Eu fiz um vídeo sobre Grandes Pestes do Passado, ele está em áudio de português do Brasil:


Análise do Livro: Filosofia do Combate




Olá! Como está no título eu estarei analisando em primeira mão o livro Filosofia do Combate, de autoria de J.R.R Abrahão, um livro que considero importante para quem deseja se tornar um guerreiro não apenas no corpo, mas também na alma!


Capa do livro Filosofia do Combate.





Um Pouco Sobre o Livro

O livro Filosofia do Combate foi escrito entre os anos de 2003 e 2004 sendo publicado pela Editora Supervirtual, que já havia publicado outros títulos do autor (“Tonfá” e “Defesa Com Facas” que em breve serão analisados por aqui no Blog, aguarde!). O livro é gratuito e encontra-se disponível para download sendo ele em formato *.pdf.





O Livro Em Si

O livro visa formar um cidadão comum (independente de religião e gradiente político) em uma pessoa com a mentalidade correta de um guerreiro (atenção: guerreiro, não um briguento ou encrenqueiro!) que sempre está pronto para as adversidades do dia-a-dia que a criminalidade nos impõe!

Por toda parte encontram-se vastas citações que personagens ilustres e não-ilustres fizeram ao longo da História. É exibido a princípio, como o desarmamento sempre ocorre antes de um genocídio: essas informações são colocadas em gráficos com citação de fontes!

O autor alerta (isso entre 2003 e 2004) como a política de desarmamento da população civil é fraudulenta e que apenas pioraria a situação da segurança pública/individual, o que se provou correto mais de quinze anos depois.



O autor também expõe o Semáforo de Cores, uma ferramenta extremamente útil para quem deseja ser prevenido, além de comentar sobre a personalidade dos criminosos e como eles são maléficos para a Sociedade de bem.

Alguns capítulos são inspirados nas características desejadas á um bom combatente: Vigilância, Decisão, Agressividade, Velocidade, Frieza, Crueldade e Surpresa. Ao todo são treze capítulos onde além das características citadinas, também são abordados outros aspectos intelectuais e sociais que permeiam a segurança pública e a segurança individual.





Contras

Eu tenho dois contras: o primeiro é o fato de que algumas informações estão desatualizadas, o que é normal vindo de um e-book escrito entre 2003 e 2004, porém a segunda coisa que eu tenho contra este livro é a citação reproduzida de autoria de Carlos Marighela, um conhecido terrorista de Esquerda que ceifou vidas e que visava impor uma Ditadura Marxista aos moldes de Cuba aqui no Brasil! Marighela é o autor do polêmico tratado “O Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano” onde ensina sequestros, como fazer bombas, como e porque torturar dissidentes...





Conclusão

Apesar dos contras é um livro indispensável para brasileiros e falantes de língua portuguesa por causa do bom embasamento e da proposta de criar em nós, pessoas comuns, a cultura do guerreiro! Muito do que o autor escreveu no livro, este que vos escreve já praticou e pratica no seu dia-a-dia: se eu tivesse lido esse livro, Filosofia do Combate, há uns dez ou quinze anos atrás, a minha vida teria tomado outro rumo...



Por isso eu o recomendo: leitura gostosa, texto objetivo, linguagem clara e direta além de dados com citações de fontes, além de um compêndio de artigos estimulando o cidadão comum e de bem, a estudar assuntos correlatos á segurança individual.

Eu o li em quatro dias, respeitando o tempo necessário para análise de dados e fatos, além de meditação em cima do que era lido.


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quarta-feira, 6 de maio de 2020

A Posta di Fenestra




“Posta di Fenestra” traduzindo do italiano medieval, significaria algo como “Postura/Guarda da Janela” (Posta=Posição, guarda; Fenestra=Janela). Essa posição pode ser utilizada com espada longa e com lança e é assim descrita no manual Flos Duellatorum:



Esta é a Posição/Guarda da Janela, que está sempre pronta para malícia e truques. Ela é mestra em proteger e ferir. Ela testa/experimenta com todas as guardas: tanto as altas guardas como as guardas baixas. E de uma guarda para a outra ela costuma ir enganando o companheiro. Colocando grandes estocadas e sabendo como quebrar e trocar esses jogos ela pode fazê-lo bem.



Posta di Fenestra



Essa é a descrição encontrada no manual Florum Duellatorum á respeito da Posição/Guarda da Janela. E lembrando que ela pode ser utilizada não apenas com espada longa, mas também com a lança (onde ela pode ser utilizada para defender e contra-atacar)! Vejamos o que o texto diz sobre a Posta di Fenestra utilizada pela lança:



Sou a nobre Posta di Fenestra à Direita, que quando estou batendo e ferindo estou sempre pronta, e uma lança longa me incomoda pouco. Também com a espada eu pude esperar a lança longa, permanecendo nesta guarda que repele todos os golpes (de estocadas) e os retarda. E eu posso trocar golpes e derrubá-los ao chão sem possibilidade de falhar.


Posta di Fenestra sendo usada com Lança.




Fiquem com Deus e até a próxima!


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terça-feira, 5 de maio de 2020

A Barba ao Longo da História Marcial




Olá! Hoje veremos sobre como era a relação dos guerreiros com a barba ao longo da história Ocidental!





Helenos e Macedônios

Os helenos (gregos) costumavam ir para a batalha com barbas elaboradas, pois o homem helenístico orgulhava-se de ter e ostentar barba. Os exércitos de hoplitas formados por cidadãos eram em sua maioria, barbados.

Entre os macedônios a coisa já não era bem assim: Alexandre, o Grande, ordenava aos seus homens que fizessem a barba regularmente para evitar que os inimigos agarrassem os pelos durante as batalhas. Resultado é que o costume de se barbear espalhou-se pelos mais diversos cantos do mundo.





Romanos

Entre os romanos, fazia-se a barba por razões religiosas: quando completava dezessete anos (maioridade romana), os homens faziam a barba pela primeira vez e ofertavam os pelos ao deus da masculinidade, Falos. Por essa razão e também por adotarem a cultura helenística de Alexandre, os romanos (as legiões) faziam a barba constantemente: era a norma ficar de rosto limpo.

Durante o século III d.C a medida em que mais bárbaros entravam nas legiões e a Cultura do Oriente (dos partos e dos persas) influenciava Roma, os legionários tornavam-se mais barbados. A partir da segunda metade do século IV d.C, o número de barbados na Legião aumentou vertiginosamente devido aos muitos bárbaros que a ingressavam através do sistema de Federação.





Reinos Bárbaros e Estados Nacionais

Entre os bárbaros que conquistaram a parte Ocidental de Roma, a barba variava bastante entre os soldados: alguns usavam e outros não. Dependia muito da época e do indivíduo sendo o mesmo dito em relação aos Estados Nacionais que surgiram a partir do século XII d.C.





Primeira Guerra Mundial

Durante a 1ª Guerra Mundial, inicialmente os homens iam para o combate barbados ou ostentando bigodes, porém com o uso massivo de gás por parte dos alemães (principalmente a partir de 1915) máscaras foram desenvolvidas para proteger os homens e a sua eficácia aumentava no caso de o indivíduo que a usasse estivesse de barba feita. Por isso a partir de 1915, os exércitos do Ocidente passaram a fazerem a barba regularmente, tradição essa que prossegue até aos dias atuais!





Conclusão

Eu espero que você tenha se divertido com essa breve viagem que fizemos pela história do Ocidente! Fiquem com Deus e até a próxima!


Eu fiz um vídeo falando sobre o assunto, ele está com o áudio em português do Brasil:


Uma Conversa Franca Sobre Desarmamento




Olá! Neste texto iremos abordar a necessidade de se estar armado para um eventual combate.





Princípio

Historicamente falando no Ocidente, o acesso às armas sempre foi algo permitido pela Lei. Somente em tempos recentes (anos 90 do século XX em diante) é que os Governos estão desarmando as suas populações, o que tem aumentado a criminalidade, pois os bandidos não respeitam leis e continuam armados enquanto que o cidadão de bem, seguidor das leis, encontra-se desarmado. Mas existe uma brecha na Lei: as armas brancas!

Você pode me perguntar: -“Por que eu andaria armado com uma arma branca?”. Eu te respondo: o corpo humano não foi feito para dar e resistir a pancadas, tanto que ele precisa ser condicionado para tanto e mesmo assim existem limites. Uma arma branca (ou mesmo de fogo) potencializa a ação defensiva que você poderá ter no caso de sofrer uma agressão injusta.





Ocidente x Oriente

O desarmamento foi verificado primeiro no Oriente: em países como Coréia, China e Japão, em momentos diferentes os Governos localizados nos mencionados países desarmaram ou desestimulavam as pessoas a terem armas, exceto quem pertencia a uma casta guerreira ou era um soldado à serviço do Governo! O caso mais famoso é o do Japão Feudal, onde o shogun Toyotomi Hideyoshi desarmou a população estabelecendo que apenas os samurais poderiam ter e portar armas. Isso não te lembra o Estatuto do Desarmamento aqui no Brasil? O irônico é que o referido shogun invadiu a Coréia pouco depois e causou milhares de mortes, além de ter devastado aquele país. Quem criou o Projeto de Lei que viria a se transformar no Estatuto do Desarmamento foi um certo Gerson Camata, um homem que foi assassinado por uma arma de fogo ilegal (sem registro) em Dezembro de 2018 e que respondia processo por supostamente receber propina da empreiteira Odebrecht! Quem sancionou o Estatuto do Desarmamento? Foi o Lula, conhecido por seus crimes de corrupção!

O que eu quero dizer é que todo desarmamentista é criminoso em sua índole e que desarmam a população não por se importarem com o Povo, mas sim para garantirem que os seus planos malignos se concretizarão e que ninguém revidará as ações malignas deles.





Cultura

O Desarmamento, muito mais do que uma Lei é uma Cultura, há décadas somos bombardeados com uma Contra-Cultura que visa tornar todos nós pessoas dóceis e submissas não para as pessoas que amamos, mas sim com pessoas que tentam nos furtar em alguma coisa (dignidade, dinheiro, vida...).

O famoso “não reaja” por exemplo é parte dessa Contra-Cultura.





Conclusão

Arme-se. Eu recomendaria que o fizesse dentro da Lei. Escolha uma arma (faca, bastão retrátil, um taco, um kubotan, um facão, uma arma de fogo legalizada...), treine bastante com ela e crie dentro de si a Cultura do Guerreiro, uma Cultura de Pastor, isto é, uma Cultura de proteger o teu rebanho (aqueles que você ama), mesmo que eles não te entendam ou digam que você está “propagando a violência”: são ovelhas balindo, lembre-se de que você é o Pastor e os que você ama são as ovelhas.