terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Gládio (Gladius): Uma Introdução!






Olá! Hoje estudaremos um pouco sobre o gládio.





Origem

Gládio é um termo aportuguesado do latim “gladius”, palavra esta que basicamente significa: “espada”. Apesar do nome desta espada ser latino, a origem da arma é na Península Ibérica: durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C – 201 a.C), os romanos tiveram que invadir as colônias que pertenciam á Cartago e que estavam localizadas na já referida península. Durante a invasão, os romanos tiveram que se defrontar com tribos de celtas que eram aliados dos púnicos (ou cartagineses, se você preferir) e algumas delas utilizavam uma espada curta contra os romanos (que na época empunhavam a kopis, afinal as legiões romanas eram herdeiras dos hoplitas helênicos) que viram na arma um grande potencial bélico e a adotaram para si. Essa espada curta emprestada dos celtas ibéricos foi chamada pelos romanos de “gladius hispaniensis”, ou “espada espanhola” em uma tradução literal.





Tipos e Modelos

Historicamente falando só houve um gládio, que é o tipo “hispaniensis”, porém arqueólogos encontraram em sítios arqueológicos, gládios cujo desenho diferiam ligeiramente da forma do gladius hispaniensis e assim eles definiram que o gládio possuía quatro “versões”.




As quatro definições artificiais que arqueólogos e historiadores usam para o gládio.



É importante ressaltar que para os romanos de outrora, só havia UM TIPO de gládio! Essas nomenclaturas são utilizadas apenas por historiadores e arqueólogos contemporâneos! As diferenças nos desenhos das gladius se dava pelo fato de que a espada era feita de maneira artesanal, por ferreiros em diversas partes do Mediterrâneo, assim era impossível obter uma padronização na fabricação do mesmo!





Maneira de Se Utilizar

Um gládio era utilizado em golpes de estocadas pelos seus usuários. Em testes que eu fiz, a arma se comportou extremamente boa em estocadas e menos satisfatoriamente em golpes que envolviam o corte, confirmando aquilo que eu já havia estudado em documentários, livros, revistas e séries: o gládio foi feito para se perfurar e não cortar, embora o faça muito bem! Quem sabe lutar com facas facilmente se adapta ao gládio, pois ele funciona como uma “faca grande”, grosseiramente falando. Se você tiver um gládio, treine sequências de estocada que visem o abdômen e a garganta do adversário, sendo que o golpe favorito dos legionários romanos era estocar o abdômen de seus inimigos!



Utilizar um gládio é simples, porém exige treinamento no uso da arma, além de resistência física, mas ambos podem ser adquiridos com treino. E lembre-se de que o gládio é uma espada feita para se utilizar com um escudo, sendo que pode-se facilmente adaptar o uso dele com um broquel!



Ao utilizar o gládio da maneira correta (com ataques de estocada e diretos no alvo, sem firulas) facilmente se observa que a arma foi adotada pelos romanos por algumas razões:



·        Simplicidade no desenho, em contraste com a kopis, que é curva. A simplicidade fazia os custos de produção cair.

·        Simplicidade em se utilizar a arma, que basicamente se resume em estocar os adversários com ataques diretos.

·        É uma arma curta, o que facilitava a coesão dos legionários romanos no campo de batalha, que em formação de falange (chamadas de “manipulus” em latim) avançavam ordenadamente como uma massa de pessoas, contra os inimigos.




O Gládio Perante Outras Espadas

Comparar o gládio com outras espadas é covardia, pois é uma arma condicionada a ser utilizada em certas situações no campo de batalha. Para ser 100% eficaz, o gládio precisa:



·        Ser utilizado em conjunto com um escudo (ou broquel).

·        Ser utilizado por soldados que se movam em equipe.

·        Ser utilizado por uma pessoa de baixa estatura.



Quaisquer comparações que se faça com o gládio deverá ser feita sob essa ótica exposta nos tópicos anteriores, caso contrário é pura falácia!





Por Que o Gládio Deixou de Ser Utilizado?

O gládio como dito anteriormente era utilizado pelos legionários romanos em campo de batalha e os mesmos se moviam em equipe. A partir da segunda metade do século II d.C, os inimigos de Roma (mais precisamente os bárbaros germânicos e celtas) passaram a evitar grandes confrontos com os romanos, além de passarem a utilizarem mais cavalaria do que infantaria nas táticas contra os legionários, o que obrigou os imperadores a refazerem taticamente a Legião (Marco Aurélio ordenou que os grandes manipulus fossem desfeitos para que os legionários fossem para a batalha em equipes de até cinco pessoas e que podiam se dispersar caso a necessidade pedisse – Sétimo Severo durante as suas campanhas contra os celtas que viviam no que hoje é a Escócia, viu que a cavalaria inimiga usava uma espada longa durante os seus ataques eficazes contra Roma, então substituiu o gládio pela spatha, sendo o gládio delegado apenas para as tropas de infantaria ligeira).



A arma foi deixada de lado não por falta de capacidade da mesma, mas sim porque a nova realidade tática nas batalhas exigia isso: a arma era curta demais para ser utilizada por tropas de cavalaria, pois Sétimo Severo (reinou de 193 d.C á 211 d.C) teve que enfrentar cavaleiros partos (especialmente os cefratários – ou cataphract) e cavaleiros celtas (ou pictos, se preferir) em longas e sangrentas campanhas militares. A partir dele a importância do legionarii (um infante que combatia a pé) começou a decair em favor do equestrii (ou cavaleiro), mas isso é outra história para outro artigo...


Eu publiquei um vídeo no YouTube falando sobre o Gládio, está em língua portuguesa:




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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Biografia&Manuais: Walpurgis Fechtbuch






Basicamente desconhecido do público, este manuscrito, o Walpurgis Fechtbuch (sigla bibliotecária MS I.33) é o mais antigo manuscrito de esgrima histórica europeia do qual se tem notícia atualmente: de autoria um tanto quanto desconhecida (acredita-se que tenha sido um padre de nome Liutger – ou Lutegerus), sendo identificada três grafias diferentes nos textos e ao menos uns dezessete traços distintos nas ilustrações. Por falar em grafia, o texto do Walpurgis Fechtbuch é em Latim Medieval.





Origens

O manuscrito teria sido feito por volta de 1320 na região da Francônia, oeste do então Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha. Ele é bem ilustrado e em suas muitas cenas demonstra lutas de espada e broquel. O manuscrito pode ser atendido também com os nomes de “Liber de Arte Dimicatoria” ou ainda “Torre de Fechtbuch”.



Há quem diga que os criadores estavam tentando preservar a velha tradição marcial que havia na localidade da Francônia.





O Conteúdo

Como anteriormente mencionado, o manuscrito possui lições de espada e broquel, possuindo quatro personagens ilustrados: um Sacerdote, uma Mulher (identificada como Santa Walpurga), um Estudante e um Outro Sacerdote. Os textos repetidamente fazem menção aos pupilos (estudantes ou discípulos) dos sacerdotes, bem como aos jovens (“iuvenis” em latim) e aos clientes (“clientulum” em latim).



Por ter bastante ilustrações, o Walpurgis Fechtbuch possui lições que são facilmente aprendidas, embora as notas que são vistas nas páginas ajudam e muito no refino da execução das técnicas.



Folha 8r do manuscrito com os quatro personagens ilustrados.







História e Atualidades

Criado em 1320, por volta de 1552-53 foi espoliado do mosteiro onde repousava na Francônia, por Johannes Herbart von Wurzburg, que estava á serviço do duque Alberto Arquebaldo (duque de Brandemburgo-Kulmbach) durante as chamadas Campanhas Francônidas que este empreendeu.



Johannes Herbart von Wurzburg posteriormente se tornou mestre de esgrima dos duques de Saxe-Gota e o Walpurgis Fechtbuch ficou em possessão desta família até 1945 (era registrado como Cod.Membr.I.no.115), quando nas últimas semanas da Segunda Guerra Mundial, o manuscrito desapareceu da biblioteca (provavelmente espoliado por algum soldado britânico) onde se encontrava e por cinco anos (1945-1950) o seu paradeiro ficou desconhecido, quando reapareceu na localidade de Sotheby’s (Londres), no dia 27 de Março de 1950 (porém a sua identificação como o desaparecido manuscrito Cod.Membr.I.no.115 só foi efetuado em 1975).



O manuscrito ao ser adquirido em Sotheby’s ficou armazenado na Torre de Londres de 1950 á 1996, quando foi transferido para o então recém-inaugurado Royal Armouries Museum na cidade de Leeds, em West York, Inglaterra, onde permanece até aos dias atuais sob a denominação: MS I.33.


Localização de Leeds, no Reino Unido, onde se encontra a Royal Armouries  Museum.





Eu espero que tenham aprendido sobre este manuscrito! O link para uma cópia com o texto em inglês encontra-se aqui embaixo! Fiquem com Deus!



Walpurgis Fechtbuch, em inglês https://www.dropbox.com/s/9or3jnmv7ave8r2/I_33_Joey_Nitti_Translation.pdf?dl=0


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Biografia&Manuais: Fiore dei Liberi

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Biografia&Manuais: Fiore dei Liberi




Olá! Neste texto eu falarei sobre o mestre da esgrima Fiore Furlano dei Liberi, responsável pelo melhor (ou um dos melhores) manual de artes marciais da Idade Média Européia!





Quem Foi?

Fiore Furlano dei Liberi, nasceu na região da Friuli (em Cividale del Friuli), nordeste da Itália por volta de 1340 e veio á falecer em torno de 1420. Era filho de Benedetto dei Liberi e membro da baixa nobreza italiana, os “Nobili Liberi”, de onde deriva o sobrenome da sua família.








 Região da Friuli no mapa da Itália
Provável imagem representativa de Fiore dei Liberi 





Em sua auto-biografia (contida nos manuais que escreveu) Fiore afirmou que desde cedo sempre teve inclinação para as artes marciais e que em toda a sua vida, teve que duelar por sua honra cinco vezes contra mestres de esgrima charlatães, que de acordo com ele não tinham as qualidades mínimas para serem sequer alunos de esgrima, o que dizer mestres! Esses duelos foram travados utilizando-se apenas gambesons e luvas, tendo Fiore ganhado os cinco duelos sem nem mesmo um arranhão!



No fim de sua vida, escreveu ao menos dois manuais, intitulados em latim “Flos Duellatorum” que em uma tradução livre significaria algo como “Flor da Batalha” (sendo o termo “flor” indicativo de “o melhor”, sendo assim uma possível tradução refinada seria algo como: “o Melhor do Combate”).





Manuais

Os manuais que Fiore escreveu (e que chegaram até nós) são manuscritos (ou seja, feitos à mão) e que possuem as seguintes denominações (dada pelos bibliotecários das bibliotecas onde se encontram armazenados):



·        MS Ludwig XV 13

·        Pisani Dossi MS

·        MS M.383

·        MS Latin 11269



Os dois primeiros (MS Ludwig XV 13 e Pisani Dossi MS) possuem dedicatórias á Nicolau III d´Este e os outros dois aparentemente foram cópias feitas tendo os primeiros como referência.



Os manuais apresentam as seguintes “figuras” para melhor aprendizado:



·        Mestres: nas ilustrações usam coroa dourada na cabeça e servem para demonstrar uma determinada guarda de uma arma.

·        Remédio: estão nas ilustrações para demonstrar técnicas defensivas. Nas ilustrações usam uma faixa dourada em uma das pernas e representam os estudantes da arte/disciplina.

·        Contrário: usa coroa (na cabeça) e faixa (em uma das pernas) e é uma figura que demonstra técnicas de contra-ataque.

·        Contra-Contrário: assim como o Contrário, usa coroa dourada na cabeça e faixa em uma das pernas e servem como ilustrações para técnicas de contra-ataque ao contra-ataque.






Figura de um Mestre.

Figura de um Remédio.
 Figura de um Contrário e de um Contra-Contrário (mesma imagem para representar ambos).





Disciplinas Abarcadas nos Manuais

O Flos Duellatorum abrange oito disciplinas:



·        Abrazare (luta desarmada, semelhante á Wrestilng/Judô).

·        Adaga.

·        Espada de Uma Mão (Espada sem Broquel).

·        Espada de Duas Mãos (Espada Longa).

·        Azza (um tipo de machado de cabo longo).

·        Lancia (Lança).

·        Combate á Cavalo.

·        Bastão.



É importante salientar, que existem interações entre as oito disciplinas, como (por exemplo) o ensino de como defender-se de um ataque de adaga, usando o abrazare ou ainda como usar uma espada contra alguém usando adaga e por aí vai...



Fiore e os seus manuais (especialmente o MS Ludwig XV 13 – o mais completo de todos) são muito aclamados em diferentes comunidades de HEMA, especialmente aquelas que se dedicam ao aprendizado de esgrima histórica com a Espada Longa (Longsword), mas o mestre também ensina outras disciplinas, lembre-se sempre disso!



Em sua obra, o mestre Fiore dei Liberi ensina doze guardas com a Espada Longa (ou Espada de Duas Mãos - Longsword), que serão brevemente estudadas em um outro artigo.





Fiquem com Deus e até a próxima!



LINKS PARA OS MANUAIS FLOS DUELLATORUM (“FLOR DA BATALHA” - MS Ludwig XV 13):



Manual Flor da Batalha em inglês: http://wiktenauer.com/wiki/File:Getty_MS_Ludwig_XV_13_Scans_with_English_Translation.pdf



Manual Flor da Batalha em francês: https://wiktenauer.com/wiki/Fiore_de%27i_Liberi/French


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sábado, 14 de dezembro de 2019

Como Escolher Uma Espada?






Olá para todos!



Neste artigo eu irei dar uma rápida dica de como escolher a sua primeira espada: vamos lá?





Metal

É bom você saber: espadas boas para o combate são as feitas em aço carbono (“High Carbon Steel” em inglês). Se for uma Espada Longa (“Longsword”) eu recomendo uma em aço 1070 ou mesmo 1090, que são aços bastantes resilientes. Se for um Gládio (“Gladius”) além dos aços anteriormente exibidos, uma espada feita com aços mais simples como o 1060 ou o 1050 servem, pois quem luta com Gládio sabe que é uma espada simples de se utilizar em combate e que os seus movimentos são objetivos e diretos, o que não exige tanto esforço por parte do guerreiro.



Se você puder comprar uma espada feita por um ferreiro ou cuteleiro, será melhor do que uma industrial, porém se as suas condições financeiras não te permitirem tal aquisição, escolha uma espada de uma boa marca ao seu critério e seja feliz, assim como eu!





Utilidade e Formas

Exatamente para o que você deseja uma espada? Esportividade? Defesa pessoal? Lazer? Colecionismo? Você deve responder a essas perguntas para saber o que você quer de fato: eu por exemplo, optei por um gládio após responder as perguntas acima e chegar a conclusão de que eu precisava de uma arma para defesa pessoal e que tinha uma carga histórica fenomenal.



O gládio caiu como uma luva em minhas mãos, pois como já dito em parágrafos anteriores, ele é uma arma boa para o combate e com movimentos objetivos e diretos, ótimo para iniciantes em esgrima histórica! Porém se você quiser “ter mais trabalho” (por assim dizer) compre uma Espada Longa e aprenda a lutar com os manuais de Fiore dei Liberi e Filipo de Vardi! Por sinal eu pretendo no futuro criar um manual de como aprender a lutar com um gládio. Se estiverem lendo este texto em 2021 e não houver um link aqui para o mesmo, por gentileza: me cobre aqui nos comentários!



Tendo o meu exemplo como base, trace o seu objetivo de espada! E lembre-se: independente de qual modelo for o aço DEVE ser o aço carbono (High Carbon Steel)!





Preço

O fator que será decisivo se você seguiu os passos anteriores até aqui: no Brasil (enquanto eu escrevo isto em Dezembro de 2019) ao menos ¼ da população é de baixíssima renda! A minha gládio custou uns R$300,00 e veio até mim via importação, por isso que você deve saber direito o que você quer e qual a sua necessidade, pois muita gente no Brasil vende muito caro espadas que no exterior (notadamente EUA) é bem mais barato e acessível ao povo comum!

Se for importar a sua espada, saiba que usar os serviços de um importador, pode vir a ser uma boa e que o IPI (Imposto de Produto Importado) que reincide sobre espadas é de 40%!!! Tenha isto em mente quando for planejar a sua compra.





Eu espero ter ajudado você na aquisição da sua primeira espada! Fique com Deus e até a próxima!

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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Qual Aço É Bom Para HEMA (AMHE)?






Olá! Hoje eu vou abordar os aços mais comuns para a prática de HEMA (Historical European Martial Arts – Artes Marciais Históricas Européias)!



Popularmente falando, existem três grandes tipos de aço: Aço Carbono, Aço Inoxidável e o Aço Galvanizado; cada um possui vantagens e desvantagens. As diferenças entre eles encontram-se abaixo:



·        Aço Carbono (“High Carbon Steel”): é duro e resiliente, sendo ótimo para espadas, lanças, facas e demais armas de corte, estocada e que exijam tarefas pesadas. Possui como desvantagem o fato de oxidar e enferrujar rápido, exigindo manutenções constantes. As espadas dos guerreiros de outrora, normalmente eram feitos com este tipo de aço que por sinal é fácil de amolar.

·        Aço Inoxidável (“Stainless Steel”): é um aço com flexibilidade menor do que o aço carbono, podendo quebrar bem mais fácil do que este último, porém possui como gigantesca vantagem o fato de demorar anos para oxidar e enferrujar, sendo um aço muito bom para ferramentas leves, que são utilizadas em trabalhos onde a variedade química de materiais é alta, como em uma cozinha, por exemplo. Para combates, objetos maiores do que uma faca costumam quebrar se forem feitos de aço inoxidável, além disso, lâminas feitas de aço inoxidável são mais difíceis de se amolar.

·        Aço Galvanizado (“Gauge Steel”): é um meio-termo entre os dois aços anteriores, não sendo tão resiliente quanto o aço carbono e nem tão bom em se conservar quanto o aço inoxidável, porém é bom para peças decorativas e que exijam menos impacto e mais leveza em combates.



Neste artigo eu não falarei do aço damasco por ele ser inacessível a maior parte das pessoas devido ao seu alto custo de produção!



Como escritor eu me eximo de dizer qual aço é o melhor para as suas necessidades, deixando ao teu encargo qual deles é o melhor para você!



E é bom lembrar também que cada um dos aços apresentados possuem ramificações que aumentam ou diminuem a qualidade e a eficácia do mesmo no uso em combate!

Eu fiz um vídeo e publiquei no YouTube, ele está em língua portuguesa:





Fiquem com Deus e até a próxima!


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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A Cavalaria na Era Antiga




Olá! Hoje eu vou falar sobre a Cavalaria, porém não aquela á qual estamos habituados, mas sim a Cavalaria durante a Era Antiga (3000 a.C – 476 d.C).





Início

Os mesopotâmicos (sumérios, acádios, amoritas...) tinham medo dos cavalos e os consideravam demônios. Quando os cassitas apareceram usando cavalos em suas ações militares, rapidamente os amoritas (conhecidos também como “Paleo-Babilônicos”) os contrataram como mercenários.



Após isso, os cavalos só teriam real importância militarmente falando, quando egípcios, mitanis e hititas os utilizavam para puxarem as suas carruagens de guerra (a partir do século XV a.C).



A Cavalaria como a conhecemos só passou a existir a partir do século VIII a.C, quando os citas, vindos das Estepes da Ásia Central, invadiram o que hoje em dia chamamos de Irã e Iraque. Os citas podem ter sido expulsos pelos assírios da Mesopotâmia, porém instalaram-se no Planalto Iraniano, mesclando-se com as tribos de pastores ali existentes, entre eles os persas, que passaram a se valerem de Cavalaria em suas incursões expansionistas constantes sobretudo a partir de 553 a.C, quando o rei persa Ciro II, revoltou-se contra o rei dos medos, Ciaxares.



Durante os séculos VI a.C e V a.C, no Ocidente, o cavalo era utilizado basicamente para transportar pessoas, pois na Hélade (Grécia) e em Roma os combates se davam em planícies ou em montanhas utilizando-se tropas de infantaria para tal.



Porém os macedônios foram invadidos pelos persas e aparentemente aprenderam com estes á montar à cavalo e a combaterem montados nestes animais. Posteriormente com a prevalência da Macedônia no mundo (através das lendárias campanhas de Megas Alexândros – Alexandre, o Grande) este modelo de combatente (o Cavaleiro) foi exportado para diversas partes do Mediterrâneo, chegando até mesmo aos povos celtas e germânicos (embora estes últimos possam ter aprendido a lutar montados à cavalo com tribos citas ou sarmatianas).





Funções da Cavalaria na Era Antiga

Seja como for, a Cavalaria durante a Era Antiga (em um período entre 650 a.C à 476 d.C) se concentrava em quatro funções básicas em campanhas militares:



1.   Perseguir inimigos derrotados.

2.   Como batedores do terreno á ser explorado.

3.   Como coletores e transportadores de víveres.

4.   Para ataques rápidos e localizados.





A Cavalaria no Ocidente

No Ocidente sobretudo, montar à cavalo era status: comandantes militares costumavam ir para a batalha montados nos lombos de equinos e em Roma existia a classe dos “Equestres”: pessoas que possuíam dinheiro suficiente para adquirirem um cavalo, era o equivalente á classe média ou média-alta que possuímos hoje em dia no Brasil.



Os númidas, os celtas, os macedônios e os romanos possuíram em algum tempo uma ótima Cavalaria (para os padrões da Antiguidade), que terminou por marcar história.



No mais é isso! Fiquem com Deus e até a próxima!


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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Armas de Defesa!




Olá! Nesta postagem falaremos sobre: Escudo, Broquel e Pavês! Vamos lá?





Introdução

Se tratando de Esgrima Histórica ao longo dos milênios tivemos três tipos de armas defensivas. Os seus nomes estão em português com o seu equivalente em línguas relevantes:



·        Escudo

·        Broquel (Caetra ou Buckler)

·        Pavês



Mas quem são e quais as diferenças entre elas?


1: Escudo; 2: Broquel; 3: Pavês.



As Diferenças



Escudo

O escudo é a arma defensiva mas conhecida de todas, porém é a menos conhecida em seu uso, pois muitos acreditam que serve para qualquer tipo de defesa, o que não é uma verdade absoluta.

Esta arma defensiva de fato é um meio-termo entre o broquel e o pavês, porém não é tão boa defensivamente falando nas áreas as quais os outros dois citados o são. O que eu quero dizer é o seguinte: o escudo defende o seu usuário de ataques de flechas, pedras, golpes de lança e de espadadas, porém as outras duas armas defensivas são mais especializadas em certas defesas do que o escudo.





Broquel

O broquel (também conhecido em latim como “Caetra” e em inglês como “Buckler”) é a arma defensiva por excelência no combate á curta distância. Ataques de facas, espadas, punhais, adagas e similares, o broquel defende sem problemas dependendo unicamente da habilidade do usuário em usá-lo! O broquel era uma arma muito utilizada por tribos germânicas a partir do século III d.C, principalmente pelos alanos que em 268 d.C invadiram a Itália, obrigando o imperador Aureliano, á combate-los e expulsá-los dali.



Na Idade Média Européia (476-1453) o broquel tornou-se muito popular, pois era feito essencialmente de madeira tendo a boça (o meio do escudo, a “bolinha” metálica) em aço. Por ser leve, compacto, barato e fácil de se construir (além de ótimo na defesa corpo-a-corpo) fazia com que normalmente quem viajava na Europa da Idade Média, preferisse o broquel ao escudo.



Em fins da Idade Média (a partir de 1400 aproximadamente) os broquéis passaram a serem confeccionados inteiramente em aço, sendo estes reservados á quem podia pagar por eles. No entanto estes broquéis feitos inteiramente em aço ainda seriam utilizados por espadachins pelos séculos seguintes sendo os espanhóis os primeiros á organizarem um esquadrão de espadachins de elite armados com broquéis como arma defensiva.





Pavês

O pavês tem o seu nome derivado da cidade de Pávia, famosa na Idade Média por confeccionar as melhores armas defensivas desse tipo. Se o broquel defende bem contra ataques de curta distância e o escudo é um meio-termo, podemos dizer sem exagero que o pavês é excelente na defesa contra flechas, virotes e pedras, sendo muito utilizado por soldados assírios (séculos X a.C ao VII a.C) e por mercenários italianos (besteiros, especificamente) durante a Idade Média Européia (476-1453).

Soldados Assírios com Armas Defensivas, sendo o da esquerda o portador de um pavês.


Os paveses são feitos de madeira com couro revestindo o exterior e possuía o formato ideal para cobrir o corpo de um arqueiro ou besteiro enquanto ele recarregava a sua arma.





Eu realmente espero que tenhas aprendido com esta verdadeira aula sobre armas de defesa.



Fiquem com Deus!

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Tipos de Espadas Existentes






Olá, seja bem-vindo à Casa dos Cavaleiros!





Importância

É vital sabermos quais os tipos de espadas existentes, pois é através disso que o espadachim poderá moldar a sua tática e estratégia durante o(s) combate(s) que vier a travar!





Os Tipos

De acordo com Matt Easton, do Schola Gladiatoria, existem dois grandes tipos de espadas: as espadas que se utilizam com escudo e as espadas que não se utilizam com escudos.



Pode parecer estranho as espadas serem divididas em dois grandes grupos assim dessa maneira (principalmente para aqueles que conhecem a Classificação de Espadas de Oakshot) mas é só parar para pensar e observar que taticamente falando, durante uma briga com espadas e similares (como facões, messers e etc) é possível desenvolver um estilo de lutar baseado exatamente no fato de as espadas  poderem ser utilizadas junto com escudos (ou broquéis). O escudo é uma mão na roda durante um combate com espadas e a ausência dessa peça muda completamente a tática e a estratégia de um esgrimista durante uma luta.



Por isso eu concordo com Matt Easton nesta classificação de espadas!

Os dois tipos de espadas representadas no jogo Zelda 64!




Eu também fiz um vídeo e publiquei no canal do YouTube sobre este assunto (está em língua portuguesa):


Vídeo onde eu falo sobre os tipos de espadas existentes.

Por enquanto é isso: fiquem com Deus!

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O Que É HEMA?






Olá! Este é o primeiro artigo do blog Casa dos Cavaleiros!





O Que Significa?

HEMA é a sigla para “Historical European Martial Arts”, ou traduzindo para o português “Artes Marciais Históricas Européias”.



Em muitas comunidades de HEMA, nós vemos pessoas falando em lutas com espadas e elas não estão erradas quanto á isso. Porém HEMA não lida apenas com Esgrima Histórica (luta com espadas), mas sim com lutas corporais (como o Bartitsu, o Pancrácio Antigo e o Pugilato), luta com facas, arquearia, luta com bastões e outros.

O termo "AMHE" serve para designar o mesmo que HEMA, mas com outro significado: Artes Marciais Históricas Européias.



Entenda que é um verdadeiro mundo de artes marciais ocidentais que havia caído no esquecimento neste último século (XX)! As Revoluções ocorridas nos séculos XIX e XX, mais as Grandes Guerras Mundiais, fizeram com que a rica tradição marcial do Ocidente, caísse em esquecimento. Porém nos últimos dez ou quinze anos, com o aumento do acesso á internet em todo o mundo, pessoas e grupos obtiveram acesso á materiais dessa rica cultura marcial que estava enterrada no esquecimento e passaram a estuda-la e praticá-la!





Missão da Casa dos Cavaleiros

A missão desta iniciativa de HEMA é pesquisar, estudar e praticar os antigos manuais e a rica tradição marcial do Ocidente que muitos esqueceram ou desconhecem e torna-la popular!





Eu espero que este artigo tenha sido esclarecedor! Em breve eu estarei publicando o primeiro vídeo no YouTube! Assim que sair eu o colocarei aqui no blog!



Fiquem com Deus e até a próxima!

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