sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A Legião Romana Pré-Mariano




Olá! Este é o segundo artigo da série que eu estou fazendo sobre a Legião Romana. Neste artigo veremos como era a Legião antes das reformas Marianas (reformas estas efetuadas pelo cônsul e general romano Caio Mário, tio-avô do famoso Caio Júlio César) que ocorreram por volta do ano 100 a.C. Sobre elas eu falarei no próximo artigo da série.





Origens

A Legião Romana surgiu junto com a cidade de Roma, ou seja: não possui uma data certa de fundação. O que é certo sobre ela é que a região do Lácio, onde se encontrava Roma era influenciada pelos Etruscos e como tal era uma terra com inclinação à cultura helênica (ou Grega Clássica). Sendo assim, a Legião Romana possuía equipamentos e táticas inspiradas pelas falanges e hoplitas helênicos, com a kopis como espada além de escudos redondos e armaduras feitas de camadas sucessivas de linho (linothorax). Nesses tempos, o equipamento era pago não pelo dinheiro de impostos, mas sim pelos próprios cidadãos romanos que eram convocados pelo Estado para defenderem as suas terras, bem como os limites da cidade das incursões de exércitos vizinhos.

Antes das Reformas Marianas, os legionários romanos eram convocados entre os proprietários de terra: era necessário ser fazendeiro para ter o direito/dever de pegar em armas pela Pátria.





Transformações

Apesar de se inspirar nas falanges e hoplitas helênicos para guerrearem, por causa do terreno irregular da Península Itálica, a tendência das falanges romanas foi a de se adequarem em formações que passaram a história como “manipulus”, cuja tradução é: “mão cheia de soldados”. As falanges romanas passaram a combater em blocos com até cem homens em campo de batalha sendo que os manipulus podiam ter menos homens em sua composição, desde que eles fossem dezenas e estivessem juntos.

Além disso, os manipulus eram dispostos em três grandes grupos: os Hastati, os Princeps e os Triarii.

·        Hastati: eram a vanguarda da Legião. Eram formados por soldados novatos que não tinham experiência em batalhas ou possuía pouca.

·        Princeps: quando os Hastati estavam em apuros, os princeps entravam em ação e apoiavam os novatos. Os princeps eram soldados mais experientes.

·        Triarii: eram a retaguarda da Legião. Os soldados mais velhos e experientes eram colocados aqui. Quando entravam em batalha significava que havia o risco real de derrota por parte da Legião.


Um legionário romano no século V a.C.

Durante as Guerras Samnitas (343 a.C-290 a.C), os romanos adotaram o scutum (um escudo em formato retangular, mas com as pontas arredondadas) de seus inimigos para si, abandonando o escudo de formato redondo (hoplos) que haviam usado e que era de inspiração helênica.




Um legionário pós-Guerra Samnita.


Durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C-201 a.C), enquanto invadiam a Península Ibérica em retaliação á Aníbal Barca, os romanos adotaram o gládio espanhol (gladius hispaniensis) e substituíram assim a kopis helênica pela espada que se tornaria assim o ícone da Legião! O pilo (ou pilum, lança de arremesso) também foi adotado nesse tempo: tanto o gládio quanto o pilo foram copiados de soldados celtas que estavam na Península Ibérica.

Legionários durante e após a Segunda Guerra Púnica.


Além disso, a Segunda Guerra Púnica foi um divisor de águas não apenas para a Legião Romana, mas também para a arte da guerra dos romanos, pois muitas das táticas empregadas por Aníbal Barca foram copiadas por Roma e incorporadas na Legião! Essa “nova Legião” era forte e organizada o suficiente (além de bem conduzida) para invadir o Mediterrâneo Oriental e impor derrotas significativas aos Estados Diádocos (Estados Sucessores de Alexandre) como nas batalhas de Cinoscéfalos (198 a.C), Magnésias (190 a.C), Pidna (168 a.C) e Corinto (146 a.C), além do Cerco á Cartago (149 a.C-146 a.C).





Novas Mudanças?

Se a Legião Romana era tão formidável assim, por que Caio Mário precisaria reforma-la? Bem, essa configuração era boa para enfrentar os helênicos, os púnicos e os celtas hispânicos, porém era deficitária para lidar com uma nova ameaça: os germânicos. Mas sobre isso eu falarei em um novo artigo, cujo link estará abaixo assim que for publicado...



Fiquem com Deus e até a próxima!

Legião Romana: Uma Introdução



A Legião Romana (em latim: Legio Romanae) foi uma instituição que perdurou por quase oito ou nove séculos e que passou por transformações ao longo desses séculos de existência.

É importante registrar que as chaves dessas transformações se apoiam em três coisas:



·        A doutrina de adaptabilidade que a Legião possuía (tudo o que funcionava em combate era copiado: armas, táticas, organização...).

·        A necessidade imediata que a Pátria passava.

·        A situação econômica que a Pátria passava.



Sem compreender os três itens acima destacados é impossível compreender o porquê de a Legião Romana ter se adaptado ao longo dos séculos.



Eu falarei em uma série de artigos sobre as principais reformas que a Legião Romana passou ao longo dos séculos. Por hora basta saber que eu dividi a Legião em períodos:



·        Período Pré-Mariano (ou Republicano Pleno) ?-100 a.C

·        Período Pós-Mariano (ou Republicano Tardio) 100 a.C-30 a.C

·        Período Pós-Augusto (ou Imperial Pleno) 30 a.C-210 d.C

·        Período Pós-Severo (ou Imperial Médio) 210 d.C-270 d.C

·        Período Pós-Aureliano (ou Imperial Tardio) 270-330

·        Período Pós-Constantino (ou Imperial Renovado) 330-390

·        Período Pós-Teodosiano (ou Imperial Baixo) 390-476



Sobre cada um desses períodos eu escreverei em artigos em separados. Cada um desses artigos assim que forem publicados, serão colocados o link correspondente.



Independente do período, a Legião Romana em campo de batalha se organizava em tropas de infantaria (isso é, combatiam a pé) e em campo de batalha posicionavam-se em formação de falange, com uma deterioração dessa formação a partir do Período Pós-Teodosiano.



Fiquem com Deus e até a próxima!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Sistemas de Graduação em Artes Marciais




Olá! Hoje eu falarei sobre as origens e para onde estão indo os sistemas de graduações nas artes marciais e a minha solução para esse problema.





Origens dos Sistemas de Graduações

Faixa branca para iniciantes e faixa preta para alunos que deixam de sê-lo para tornarem-se professores. O atual sistema de graduação é o de faixas e tem as suas origens no Judô: o mestre Jigoro Kano optou por criar um sistema de graduação onde cada nível é representado por uma cor de faixa (a faixa serve para deixar o kimono preso). No Judô a faixa para iniciantes é a branca, a seguinte é a cinza, as posteriores á esta são as de cores: azul, amarela, verde, roxa, marrom e a preta. Quando se consegue a faixa preta, torna-se primeiro dan e pode-se seguir até ao décimo-segundo dan. Isso no Judô.

O mestre Gishin Funakoshi, criador do estilo shotokan de Karatê-dô, copiou do Judô o sistema de faixas, embora tenha feito algumas alterações. Oito décadas após o mestre Funakoshi ter adotado o sistema de faixa do Judô, praticamente todas as artes marciais fizeram o mesmo: capoeira, krav maga, ninjutsu, boxe, kickboxing, muay thai, kung fu... todas essas e outras artes marciais possuem graduações de cores! Existem boatos que afirmam que ocorre um comércio de faixas. Como eu nunca vi isso acontecer, fica apenas no boato, mas pela internet encontramos os mais variados relatos sobre essa prática.





Graduações na Cavalaria

As graduações na Cavalaria se resumiam a apenas três graus: Pajem, Escudeiro e Cavaleiro. Sobre cada uma dessas graduações eu falarei mais tarde em outro artigo. Mas por hora basta saber que eram três graduações e que elas podiam durar até dez anos para serem concluídas!





A Minha Proposta

Baseado nesse sistema de graduações (o da Cavalaria), eu acredito que um sistema correto de graduação deveria ser assim proposto: Básico, Intermediário e Avançado. Simples assim! Não vejo necessidade, especialmente em HEMA de haver graduações inspiradas no Judô, mas sim no velho sistema de graduações que por quase mil anos perdurou na arte marcial suprema do Ocidente!



No mais é isso, fiquem com Deus e até a próxima!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

A Espada Montante (Zweihander)


Olá: hoje veremos um pouco sobre a espada Montante, aquela que foi a maior espada de todas, literalmente!



Ilustração de um espadachim empunhando uma Montante.


Origens
Zweihander (em alemão), Great Sword (em inglês), Spadone (em espanhol) e Montante (em português): vários são os nomes para definirem esse tipo de espada que ainda podem ser chamadas de “espada-lança”. A partir do século XIV os lanceiros e piqueiros (tropas de infantaria) passaram a sobrepujar em batalha os cavaleiros. Em resposta á isso, foi criada essa espada gigante, a Zweihander (“Duas Mãos” em alemão) que é a verdadeira espada longa! A criação dela parece se encontrar nas fronteiras atuais da Alemanha com a Suíça sendo que na época, dizia-se que a arma tinha as suas raízes no Sacro Império Romano-Germânico.
A espada se popularizou por causa dos mercenários chamados em português de “Lansquenetes”, que eram famosos por utilizarem a Zweihander em suas batalhas e que costumavam abater lanceiros/piqueiros e deixarem o campo de batalha ideal para que a cavalaria terminasse o serviço. Em poucos anos a Zweihander estaria espalhada por toda a Europa Ocidental onde em Portugal, receberia o nome de “Montante”.


Medidas
As Montantes tinham no mínimo: 1,5 metros de comprimento do pomo à ponta e 1,5 kg existindo modelos pesando e tendo maiores medidas. Alguns tipos de Montantes possuíam no ricasso duas “Parierhaken” (“ganchos de aparar” em alemão) que serviam como guardas-mãos para o espadachim que a utilizava.


Dois tipos de montantes, uma sem parierhaken e outra com.


Uso
Em campo de batalha, as Montantes eram utilizadas contra formações de lanceiros/piqueiros, onde os espadachins portando as espadas, cortavam as lanças para somente então atacarem os soldados inimigos!

Os últimos registros dessa espada em combate datam do século XVIII.

Uma curiosidade: existe um manuscrito alemão chamado “Goliath Fechtbuch” onde existe um capítulo inteiro escrito e com ilustrações mostrando como se utiliza a Montante em combate, vale á pena conferir!









Ilustrações do Goliath Fechtbuch.

Despedida
Eu espero que esse texto tenha sido esclarecedor para vocês! Fiquem com Deus e até mais!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Facas: As Ferramentas Boas Para Defesa






Olá! Hoje eu falarei sobre as facas.





Introdução

Historicamente falando, facas não eram armas usadas por nobres ou mesmo pessoas do povo comum. A razão é que sempre foi lícito para pessoas comuns e da nobreza, ter e portar armas. A onda de desarmamento que assola o Ocidente é algo recente, que começou há cerca de um século atrás com a ascensão de governos marxistas como o de Lênin, Stalin, Mussolini e Hitler.



A faca era então relegada a uma simples ferramenta do cotidiano e que era usada no máximo por pobres em seus duelos além de pequenos assaltos. Porém com o desarmamento sistemático ocorrendo no Ocidente (por partidos sociais-democratas) facas tem sido bem-vistas como armas de defesa pessoal, embora elas sejam na realidade ferramentas.



Além de treinar com armas tradicionais do Ocidente, como espadas, adagas, lanças e outros, o praticante de HEMA deveria estudar e treinar luta com facas, afinal elas são por assim dizer, uma espada em miniatura e que podem ser levadas de maneira velada (escondida) para diversos locais!





Ponto de Partida

Um bom ponto de partida para começar a se treinar com facas é o manual em língua portuguesa “Defesa com Facas” de J.R.R Abrahão, Pedro Cavalcanti e Ricardo Nakayama. Esse manual é excelente para iniciantes e qualquer dia eu estarei escrevendo sobre ele!



O link para esse manual está aqui.



Além disso existem vídeos de minha autoria onde eu dou um conhecimento básico sobre luta com facas. O vídeo está com o áudio em português e encontra-se aqui:



 Primeira parte da aula de Combate com Facas.



Bom, no mais é isso!


Fiquem com Deus e até a próxima!

Lança: Uma Introdução - Parte 2






A lança é uma arma presente na história humana desde tempos imemoriáveis: suas origens remontam á uma época pré-histórica, isto é, anterior à escrita!



A lança é uma arma que em campo aberto é a rainha das armas brancas: nem mesmo a espada era tão versátil e útil nas batalhas quanto ela! As lanças podem ser divididas em dois grupos:



1.   As de combate corpo-a-corpo.

2.   As de arremesso.



Antes que alguém me pergunte, sim, você poderia ter uma lança que combinasse os dois tipos, porém é difícil (historicamente falando) encontrarmos lanças que comportavam os dois tipos acima enumerados.



A lança tinha algumas vantagens á saber:



1.   Pelo seu tamanho (nunca inferior á 1 metro de comprimento) a lança era boa para controlar a distância do adversário e manter o usuário em relativa segurança.

2.   Uma arma versátil para os padrões de antigamente: podiam ser usadas tanto na guerra quanto na caça.

3.   Por serem feitas quase que inteiramente (algumas versões eram inteiramente) de madeira, tendo a ponta de ferro (ou aço), era uma arma com baixo custo de produção, sendo normal encontrar muitos soldados de infantaria e de cavalaria, portando-as.

4.   Mais fáceis de usar e manobrar em combates, além de serem mais simples de se aprender as formas/movimentos das lanças do que outras armas.





A lança também possui algumas desvantagens:



1.   Por terem o corpo quase inteiramente feito de madeira, eram mais frágeis do que espadas.

2.   Por causa da envergadura, não eram tão fáceis de transportarem quanto espadas e adagas.

3.   Durante o uso, pelo fato de não possuírem guarda, as lanças deixavam os seus usuários com as mãos vulneráveis á ataques de espadas e machados.





Bom, eu espero que este texto tenha aberto a sua mente quanto ao uso dessa incrível arma! Em muitas comunidades de HEMA só encontramos referências quanto ao uso de espadas e quase nenhuma referência á outras armas, como a lança!



Fiquem com Deus e até a próxima!



LEIA TAMBÉM: Lança, Uma Introdução

Lança: Uma Introdução


Olá! Hoje falarei sobre a lança. É importante ressaltar que este texto é introdutório e não possui caráter definitivo: serve para abrir linhas de pensamentos.




A Lança

A lança é tradicionalmente a “rainha” das armas em campo aberto, pois além de ser grande (o que a faz a arma ideal em campo de batalha) e pelo fato de ter pouco aço (em relação às espadas) elas são mais facilmente confeccionáveis do que as espadas e por isso mesmo mais baratas: assim era muito comum durante as batalhas na Era Clássica e na Era Medieval, serem averiguadas muito mais lanças do que espadas e machados nas mãos dos homens. Além disso, lutar com lanças é mais simples do que com espadas: o manual Flos Duellatorum (“Flor da Batalha” – MS Ludwig XV13 – da qual eu já falei aqui) possui apenas três páginas dedicadas á arte da luta com a lança, enquanto que as páginas de luta com espadas superam o número de uma dezena facilmente!



Porém nem tudo são flores (desculpem-me o trocadilho...).





Desvantagens das Lanças

Como QUALQUER arma, a lança possui desvantagens:



1.   São mais frágeis do que espadas, pois o seu corpo quase que inteiro (exceto a ponta) é normalmente feita de madeira.

2.   Não é tão fácil de carregar e transportar quanto uma espada, por razões óbvias.

3.   Às mãos ficam vulneráveis á ataques diretos efetuados por um espadachim.





Conclusão

E então, o que você achou da lança? Boa ou má? Usaria ou não durante um combate?



Saúde e paz para todos, fiquem com Deus!

Caso desejem, poderão acessar a parte 2 deste artigo clicando AQUI.

LEIA TAMBÉM: Biografia&Manuais: Fiore dei Liberi

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Biografia&Manuais: O Rei D.Duarte I e a Sua Obra de HEMA!




Olá! Em muitos grupos de discussão de HEMA e assuntos correlatos, nós vemos muitas citações de fontes italianas, alemães e inglesas, porém nenhuma citação de fontes portuguesas. E nós temos fontes portuguesas sim: os livros “Leal Conselheiro” e “Bem Cavalgar”, escritos pelo rei de Portugal Dom Duarte I é a prova disso!





Quem Foi?

Dom Duarte I de Portugal foi o segundo rei da Casa de Ávis e herdeiro direto do grande rei Dom João I. Foi durante o reinado de D.Duarte que o navegador Gil Eanes conseguiu dobrar o Cabo Bojador, na África (1434), o que apeteceu os europeus na arte de navegar pelo Oceano Atlântico! O rei Dom Duarte era irmão do famoso Dom Henrique, o Navegador.



Dom Duarte quando era apenas um infante, foi armado cavaleiro na ilha de Ceuta, após demonstrar o seu valor em combate durante a conquista portuguesa daquela ilha (1415). Ou seja: era alguém apto para falar sobre a cavalaria e a arte de se combater e isso vinha de berço, pois o seu pai, Dom João I era o primeiro monarca da Casa de Ávis e havia tido que conquistar o seu trono pela força das armas contra o rei de Castela, Juan I da Casa Trastâmarra. Mas sobre esse conflito, eu escreverei em outra ocasião.



Assim sendo, muita da experiência prática da Casa de Ávis pode ter sido condensada na obra “Bem Cavalgar”!



Retrato de Dom Duarte de Portugal.






As Obras

O “Leal Conselheiro” é uma obra que abrange aspectos morais ligados á Governação e as Virtudes Morais da Cavalaria. Já a obra “Bem Cavalgar” é sobre a Cavalaria especificamente, ensinando artes marciais, infelizmente essa última obra ficou incompleta: o rei D.Duarte morreu antes de poder finalizá-la (1438).



As obras possuem as seguintes passagens:



·        1438: após a morte do rei D.Duarte I, a sua esposa Eleonora de Aragão leva as suas obras Leal Conselheiro e Bem Cavalgar consigo para Nápoles.

·        1438-1495: as duas obras permanecem na Real Biblioteca de Nápoles.

·        1495: o rei da França, Carlos VIII, invade a Itália e após a sua conquista de Nápoles, espolia para si entre outras coisas, as duas obras feitas pelo rei D.Duarte I.

·        1495-Atual: as obras Leal Conselheiro e Bem Cavalgar permanecem em posse da Bibliothèque Nationale de France.







Bom, eu espero que tenha sido proveitoso este texto, fique com Deus e até mais!

LEIA TAMBÉM:

Biografia&Manuais: Fiore dei Liberi

Biografia&Manuais: Walpurgis Fechtbuch

Faca Dobrável: O Que É e Quais as Suas Origens






Olá! Neste texto eu estarei falando sobre a faca dobrável, também conhecida pelos nomes de: balisong, butterfly, butterfly knife e outros.





Origens

A faca dobrável tem as suas origens na França. Sim: na FRANÇA, não nas Filipinas! Um livro de 1710, chamado “Le Perret” mostra um esquema de como construir uma faca dobrável usando uma ferramenta de medição chamada: “pied-du-roi”.





Um esquema retirado do livro "Le Perret" que mostra a construção de uma faca dobrável.





Um "pied-du-roi" do século XVIII.





Um “pied-du-roi” era uma unidade de medida equivalente á 32 cm. A história afirma que o nome desta unidade (que traduzindo significaria pé-do-rei) deriva do pé do imperador Carlos Magno, o Pai da Europa. Ela era utilizada no “Ancient Régime” na França e foi substituída pelo Metro nos tempos de Napoleão Bonaparte.



Como visto acima, essas são as origens da faca dobrável.





Utilidade

A faca dobrável é muito prática de ser portada e é facilmente aberta se você treinar o suficiente: em até dois segundos você consegue sacar a faca e deixa-la pronta para o uso. Existe o problema de o cabo não ser muito resistente, mas se você for utilizá-la para defesa pessoal, pode vir a ser uma boa pedida.



Muitas pessoas nas mídias sociais tem utilizado a faca dobrável para executar manobras que envolvem muito giro. Por favor: NÃO FAÇA ISSO! A faca dobrável é uma faca que serve para cortar e perfurar. Não foi feita para movimentos elaborados e outras firulas.





Bom, eu espero que esse texto tenha sido elucidativo!



Fiquem com Deus e até a próxima!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Bartitsu: O Que É e Quais as Suas Origens




Neste texto estarei falando sobre o Bartitsu, uma arte marcial criada no final do século XIX na Inglaterra.





O Que É?

O Bartitsu tem o seu nascimento em Londres, na Inglaterra de 1899, quando o engenheiro Edward William Barton-Wright fundou a Bartitsu Society, unindo o Ju-jutsu, o Savate (Boxe Francês), o Wrestling, o Judô, a Luta de Cajado e a Esgrima em uma única arte marcial! A Londres de 1899 era uma cidade suja e cheia de pobres e indigentes que contrastavam com uma classe riquíssima e poderosa. Em um ambiente assim, a criminalidade era alta: a classe média e os mais abastados sofriam com as gangues (como a dos holligans e os garroters). Assim, E.W Barton-Wright ofereceu a sua arte marcial para ajudar na defesa pessoal das pessoas!





A Origem desse “MMA Cavalheiresco”

Em 1885, E.W Barton-Wright viajou à serviço para o Japão onde trabalhou como engenheiro na construção de uma ferrovia. Lá ele aprendeu Judô (com o dr.Jigoro Kano em pessoa!) e Ju-jutsu (estilo Shinden-Fudo Ryu) tendo retornado para a Inglaterra em 1898, quando decidiu mesclar essas duas artes marciais com outras e fundar o sistema que ele próprio chamaria de “Bartitsu”. A escola chamada “Bartisu School of Arms and Physical Culture” foi estabelecida em 1901, no distrito de Soho em Londres (apelidada informalmente de “Bartitsu Club”).



Do Japão, ele trouxe dois jovens ju-juteiros, Yukio Tani e Sadakazu Uyenishi para lecionarem Ju-jutsu. Da Suíça ele trouxe o wrestler Armand Cherpillod e o mestre-de-armas Pierre Vigny para ensinarem respectivamente, Wrestling e Luta com Cajados. Além disso, Vigny era mestre em Savate e o boxe francês também era assim ensinado no Bartitsu Club.


Banner com as modalidades integradas do Bartitsu.

Uma curiosidade: entre os membros do Club havia entusiastas de esgrima histórica, ou seja: o Bartitsu Club ajudou a contribuir para o renascimento do HEMA (Historical European Martial Arts)!





O Fim

O Bartitsu Club entrou em decadência por não conseguir concorrer com outras escolas de artes marciais, que ensinavam Ju-jutsu (Jiu-jitsu japonês) e acabou falindo.



E.W Barton-Wright viria a falecer apenas em 1951, com noventa anos. Ele morreu pobre e o seu sistema defensivo teria caído no esquecimento, se o escritor sir Arthur Conan Doyle não o tivesse mencionado nas suas obras de Sherlock Holmes.





Retomada

No final dos anos 90 do século XX, estudantes de artes marciais começaram a desenterrar a história e as técnicas do Bartitsu. Em 2002 a primeira sociedade de Bartitsu foi fundada para pesquisar, reviver e divulgar o sistema de defesa, que foi o primeiro em todo o Ocidente a mesclar artes marciais visando a defesa pessoal do praticante, tanto de pé, quanto no chão.


Eu fiz um vídeo que está em áudio (língua portuguesa) falando sobre o Bartitsu:


Recentemente eu escrevi um artigo falando sobre um livro que fala sobre o Bartitsu, caso deseje, o link encontra-se aqui.


Peixeira (Pexêra): Uma Faca Genuinamente Brasileira!






Olá! Hoje irei abordar neste texto a “peixeira”, a faca genuína do Brasil!





Origens

As origens da peixeira é obscura pois ela é uma faca muito popular, além de fazer parte do dia-a-dia do brasileiro! O que se sabe com certeza é que ela foi e ainda é muito empregada no Norte e no Nordeste brasileiro e que foi graças ao constante fluxo migratório dos nordestinos, que a faca peixeira se espalhou pelo Brasil.



Uma curiosidade: o termo utilizado por brasileiros do Norte e do Nordeste brasileiro para essa faca é “pexêra” ao invés de “peixeira”.



Mas o certo é que no Brasil, a maneira mais fácil de alguém adquirir proteínas é justamente pescando um peixe e peixes existem aos montes pelo país! Por isso a faca peixeira espalhou-se pelo Brasil de maneira que hoje em dia ela é sinônimo de faca praticamente em todo o território brasileiro! Para você que é estrangeiro e está lendo este artigo, saiba: aqui no Brasil, se você usar a palavra “peixeira” no lugar de “faca” ninguém irá estranhar!





Diferenças

Existem facas “peixeiras” e facas “tipo peixeira”, mas qual a diferença?



As facas peixeiras possuem o cabo de madeira e pinos que prendem o cabo a espiga. Já as facas tipo peixeiras possuem o formato da lâmina idêntico as das peixeiras, porém o cabo é feito de outro material que não seja madeira.




 Em cima uma Peixeira Legítima e a de baixo uma faca tipo peixeira.




Defesa Pessoal

Por ser uma faca bastante popular e de ser barata (dificilmente uma peixeira custará mais de R$20,00) muitos assaltantes tem se utilizado da peixeira para efetuar assaltos! Por isso andar com uma dessas poderá causar problemas com a polícia, embora andar com facas NÃO seja um crime no Brasil (exceto nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro).



Eu costumo afirmar que se você quer aprender a se defender de algo, você deve conhecer esse algo. Com a peixeira é a mesma coisa: você tem que conhecer uma peixeira, segurá-la na mão e dar alguns golpes no ar e em carne de porco para saber a potencialidade que a faca pode apresentar! Se você gostar da faca, poderá utilizá-la na sua defesa pessoal como ferramenta e também poderá estar apto á se defender de uma peixeira!





Conclusão

A peixeira é uma faca que fincou raízes no Brasil e que sempre estará na cultura, na história e no imaginário popular como sinônimo de faca!