quinta-feira, 21 de maio de 2020

Da Poliorcértica




“Poliorcértica” é uma palavra com origem no grego clássico, significando “cerco de cidades”. O termo ficou famoso na pessoa do rei Demétrio, o Poliocértes (“o que cerca cidades”), que em alguns meses conquistou centenas de cidades durante a Guerra dos Diádocos, sendo parado apenas nas muralhas de Rodes (onde os rodianos mais tarde fundariam o famoso Colosso de Apolo para comemorar a vitória sobre Demétrio)! A poliocértica é a ciência de cercar e contra-cercar uma cidade!

Antes mesmo de o termo ser cunhado pelos gregos antigos (ou helenos) a poliocértica já era praticada pelas mais diversas civilizações da Idade Antiga. Na Bíblia Sagrada vemos bastante cercos, principalmente nos livros chamados “Históricos”, que narra o período dos Juízes e dos Reis.

Na história do Ocidente, tivemos diversos comandantes militares que praticaram a poliocértica, porém os mais famosos são: Caio Júlio César e Sebastien de Vauban. O arquiteto militar à serviço do rei Luís XIV é o menos conhecido dos dois e viveu durante o século XVII e foi o responsável por construir fortes abaluartados à italiana nos limites do então Reino da França, transformando o país em um local impenetrável para invasores da Casa Habsburgo!





Caio Júlio César

O mais conhecido, César ficou famoso como bom em poliocértica por causa do Cerco de Alésia, onde com uns 70 mil homens, enfrentou mais de 300 mil celtas (gauleses) e prevaleceu por causa da ciência da qual discutimos nesse artigo! César ao cercar Alésia (uma cidade no topo de uma rocha íngreme) ordenou que uma muralha fosse construída nos arredores da cidade, para impedir os celtas chefiados pelo lendário Vercingetórix de fugirem!

Ao perceber que estava caíndo em uma armadilha, o chefe dos celtas enviou os seus cavaleiros (antes que a muralha de César fosse concluída) para pedir reforços. Sabendo que os celtas acudiriam a Vercingetórix, o procônsul romano ordenou então que uma segunda muralha fosse construída, mas dessa vez pelo “lado de fora”, criando um gigantesco cinturão defensivo que protegeria os romanos tanto de ataques vindo de Alésia, quanto por ataques oriundos de fora!

No primeiro livro do Comentário das Guerras Gálicas, vemos que para impedir os Helvécios de invadir a Gália (mais precisamente o território dos Héduos e Sequanos) César ordenou que uma muralha fosse construída em uma das margens do Rio Ródano, para controlar e impedir os já citados helvécios de assentarem-se na Gália (e funcionou).





Voltando Para Alésia

O cinturão defensivo construído pelas legiões de César conseguiram concluir todo o circuito (que contava com um fosso e com armadilhas) à tempo dos reforços celtas chegarem. Não falarei sobre os detalhes da Batalha de Alésia para não desfocarmos do tema deste texto, mas por causa do conhecimento em poliocértica e da aplicação do mesmo, os romanos acabaram tendo condições de se equipararem aos celtas e os derrotarem, concluindo a Conquista das Gálias!

Eu recomendo a leitura do livro “Comentários das Guerras das Gálias”, ele é gratuito e pode ser baixado na internet. Lá você saberá maiores detalhes das campanhas e do Cerco à Alésia.

Cerco de Alésia






Ingredientes dos Cercos

Todo cerco ou contra-cerco possui como principal componente (ou ingrediente) as máquinas de cerco e contra-cerco. São muitas máquinas de cerco e contra-cerco, de maneira que citarei apenas três: as torres de assalto, o trebuchet (trabuco) e a catapulta. As máquinas receberão um artigo próprio, aguardem!

Por agora basta sabermos que os maiores inventores de armas de cerco e contra-cerco da Idade Antiga, foram: Hero de Alexandria e Arquimedes de Siracusa.



Conclusão

Bom pessoal, eu espero que esse assunto introdutório tenha aguçado a curiosidade dos senhores! Fiquem com Deus e até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário