quinta-feira, 4 de junho de 2020

Biografia&Manuais: Dom Diogo Gomes de Figueiredo



Olá! Hoje falarei sobre esse ilustre desconhecido da história de Portugal: Dom Diogo Gomes de Figueiredo, um dos maiores esgrimistas e comandantes militares do então Reino de Portugal.


Origens
Dom Diogo nasceu por volta de 1600 em Portugal (em plena era da União Ibérica), filho de Dom João Gomes Quaresma, foi um militar, mestre esgrimista e autor de tratados de esgrima.


Vida
Começou a sua carreira militar ainda em 1626, quando durante a sua ida para o combate, o seu navio naufragou na Gasconha (Reino da França).
O seu primeiro tratado de esgrima é o “Oplosophia e a Verdadeira Destreza das Armas” (escrito e publicado em 1628 – manuscrito MS Vermelho.nº.91), ), claramente um manual de esgrima baseado na “Destreza”, a esgrima praticada na Espanha com a rapiera.
Quando em 1/12/1640 o então duque de Bragança, Dom João, deu um golpe-de-estado separando o Reino de Portugal da Casa Habsburgo e tornando-se ele próprio rei como D.João IV (fundando a sua própria dinastia, a Casa Real de Bragança) D.Diogo ficou ao lado dos independentistas portugueses e serviu como mestre-de-campo (o equivalente a época como general) das hostes portuguesas contra os exércitos da Casa Habsburgo.
No ano de 1653, escreveu outro tratado de esgrima, o “Memorial da Prática da Montante” (manuscrito MS 49.III.20.nº.21) ) que é o manual mais usado em nossos dias para quem deseja aprender a lutar com uma espada Montante (também conhecida como “Great Sword” em inglês, “Spadone” em italiano e “Zweihander” em alemão), também conhecida como as 16 Regras e Contra-Regras de Figueiredo, onde ele exibe todo o seu conhecimento prático no manuseio da espada montante, a mais cultuada espada do Reino de Portugal durante os gloriosos dias da Casa de Avis. D.Diogo escreveu esse segundo tratado visando preservar o ensino desta espada e toda a cultura que havia sido desenvolvida em torno dela (uma cultura lusitana em contraponto à cultura espanhola).
Como militar D.Diogo foi bem-sucedido, participando como mestre-de-campo em três das cinco maiores vitórias de Portugal contra os Habsburgo, com destaque para as batalhas de Montijo, Linhas de Elvas e a defesa da Aldeia de Almeida.
Foi tutor do príncipe-herdeiro D.Teodósio (filho do rei D.João IV e de D.Luísa de Gusmão) que morreria antes de ser aclamado rei de Portugal (vítima da “Maldição dos Braganças”?): o Memorial da Prática do Montante foi escrito e dedicado ao príncipe.


Fim
Morreu no dia 30/09/1685, com mais de oitenta anos de idade (bastante senil para a época!). Foi sepultado no Mosteiro de Trinidade farto de dias e sabendo que a sua pátria estava em paz com a Espanha, além de vê-la livre dos Habsburgos ainda em vida.


LEIA TAMBÉM: A Montante (Zweihander)

LEIA TAMBÉM: Biografia&Manuais: O Rei D.Duarte I e a Sua Obra de HEMA

LEIA TAMBÉM: O Armamento dos Portugueses do Século XV

Nenhum comentário:

Postar um comentário